O número de advogados no mercado de trabalho e a desvalorização da profissão foram apontados como o grande drama da advocacia na atualidade pelos presidentes de Seccionais Luiz Viana, da Bahia, e Felipe de Santa Cruz, do Rio de Janeiro, na VI Conferência Estadual da Advocacia. O painel dos presidentes abriu os trabalhos do Conselho Pleno da OAB Paraná, que se reuniu durante a conferência para deliberar também sobre alguns temas institucionais. A sessão contou com a participação do secretário-geral adjunto do Conselho Federal, Ibaneis Rocha.
Ao abrir os trabalhos, o presidente da OAB Paraná, José Augusto Araújo de Noronha falou da honra de sediar um evento como a IV Conferência, com recorde no número de inscrições. “Foram três dias de muito aprendizado e principalmente um repensar sobre a advocacia. Nos propusemos neste evento a fazer uma prévia do que vai ser debatido, no final do ano, na conferência nacional”, disse Noronha.
Luiz Viana iniciou sua palestra destacando a percepção que os dirigentes de outras seccionais têm em relação à OAB do Paraná. “Vocês não têm noção da bancada extraordinária do Conselho Federal e da qualidade da representação paranaense no cenário nacional. O presidente Noronha sempre traz algo de conteúdo e de qualidade para as nossas discussões”, revelou.
Para Viana, a advocacia vive hoje a maior crise de sua história. “É uma insanidade ter mais de um milhão de advogados. Esse crescimento geométrico de advogados gera uma série de problemas seriíssimos”, disse o presidente. Segundo ele, na Bahia, 80% da advocacia está “pauperizada”.
Para Felipe de Santa Cruz, é hora de adotar medidas impopulares, sob pena da Ordem ser transformada num “sindicatão”, formada por profissionais proletarizados , vítimas de um estelionato educacional. “Esse sindicatão vai abandonar o histórico da OAB de cidadania e direitos humanos”.
Na sequência, Noronha deu início às discussões da pauta, começando pela apresentação de uma pesquisa científica encomendada pela Seccional para ter um diagnóstico da situação da advocacia no Paraná. O conselheiro Luiz Fernando Casagrande Pereira apresentou um parecer da comissão para proposição de medidas de fiscalização e sanção de captação irregular de clientela por meio de grandes empresas. Noronha apresentou os projetos de ampliação, reestruturação e construção de sedes, e divulgou as estatísticas do Tribunal de Ética e Disciplina, da Câmara de Seleção e da Câmara de Direitos e Prerrogativas.