“Temos de nos especializar”, defende Dallegrave Neto em palestra

Em evento promovido pela Comissão dos Advogados Iniciantes(CAI) da OAB Paraná, presidida pela advogada Giugliana Carta e vice-presidida pela advogada Viviane Trentini, o advogado trabalhista e professor universitário José Affonso Dallegrave Neto proferiu nesta quarta-feira (19/9), no auditório da OAB Paraná, a palestra “O esquisito advogado pós-moderno”.

Dallegrave Neto traçou um panorama dos desafios da advocacia em tempos de disrupção e metamorfose permanente. Para ilustrar as mudanças, ele citou a substituição do aluguel de filmes pela Netflix, dos hotéis pelo Airbnb, dos discos e CDs pelo Spotfy.

Para ele, o cenário que Zygmund Bauman definiu como “modernidade líquida” e Gilles Lipovetsky chamou de hipermodernidade impõe desafios para a advocacia. O elenco inclui a multiplicação dos cursos jurídicos; a globalização que deixa menos espaços para os pequenos escritórios; os extremismos decorrentes da prevalência de pós-verdades; e a turbulência provocada pelo que chamou de quarta revolução industrial, marcada pela sociedade de controle.

Horizonte

“O advogado vai ter de sofisticar para fazer mais do que o Watson”, disse em referência à ferramenta de negócios baseada em inteligência artificial desenvolvida pela IBM. “O universo jurídico é extenso e não temos como entender de todos os temas. Temos de nos especializar; advocacia caminha para isso”, completou.

Para ele, o momento pede uma nova postura dos advogados, que devem apostar na clareza, abandonando o “juridiquês”, e também mudar a postura de resistência a ferramentas de legal tech, jurimetria e chatbots. Posto que o avanço tecnológico é irreversível, não vale a pena lutar contra, afirmou ele, recomendando que, em vez disso, o profissionais tirem proveito dos recursos proporcionados pela tecnologia, consolidando-se “como advogados 4.0”.

Alternativas

O palestrante lembrou ainda que os advogados precisam ser mais proativos em sua atuação. “Antes podíamos ficar trancados no escritório, os clientes vinham até nós. Hoje é necessário descobrir outros caminhos. Não precisamos focar somente no contencioso. Podemos trabalhar com auditorias, com compliance, com manuais de conduta e em muitas outras áreas afins”, aconselhou. “O advogado tem de se reinventar”, resumiu.