Em compromisso coletivo conduzido pela advogada Marion Bach, diretora de prerrogativas da OAB Paraná, a seccional entregou as credenciais a 62 novos advogados no auditório da OAB Paraná nesta terça-feira (16/7). Compuseram também a mesa o coordenador de Fiscalização da seccional, André Portugal Cezar, e Daniel Müller Martins, presidente da Comissão de Estágio e Exame de Ordem.
Ao ocupar a tribuna, o novo advogado Giocondo de Andrade Lacerda ressaltou que a sociedade espera por uma justiça. “A justiça que se pede é célere. Pois justiça tardia é injustiça disfarçada. Para essa elevada missão a advocacia deve, além dos interesses sociais, defender a si mesmo. Defender as prerrogativas para através delas defender o direito e alcançar a sonhada justiça”, afirmou, lembrando também do necessário combate à mercantilização da profissão e ao aviltamento de honorários. “Nas palavras de Rogéria Dotti, honorários têm esse nome porque são a contrapartida financeira de uma atividade honorífica”, ressaltou Lacerda.
Também dirigindo-se aos colegas que prestaram compromisso, Julia Cristina Rocha Loures Roskoviski conclamou: “A caminhada até aqui foi de grande esforço. Honremos nossa profissão, nós que agora somos advogados”.
Entre vício e virtude
Na saudação aos novos advogados, Müller Martins os lembrou que caminharão agora em linha tênue entre vício e virtude: entre vaidade e humildade; avareza e generosidade; preguiça e presteza; entre luxúria e simplicidade. Para que façam boas escolhas, fez três pedidos: “Sejam humildes, pois essa é a base mais sólida para as demais virtudes. Sejam corajosos para serem livres, sem se conformar com velhas ou novas ditaduras. Sejam pacientes. Frustrações e decepções não podem minar a força da advocacia. O insucesso faz parte da rotina legal”, aconselhou. O orador mencionou ainda a jornada da OAB em busca da justiça, ressaltando a recente conquista da paridade de gênero e o respeito à inclusão racial. “Orgulhem-se de pertencer à nossa querida OAB Paraná”, pediu.
Portugal Cezar também dirigiu breves palavras ao grupo: “A fiscalização não só combate o exercício ilegal daqueles que praticam atos privativos da advocacia como também corrige os colegas que afrontam a ética e a disciplina, principalmente no que diz respeito à publicidade e marketing jurídico”, disse, recomendando preparação e cautela.
A presidente da solenidade relatou que sonhava ser promotora e até estagiou no Ministério Público. “Mas ao advogar, me apaixonei pela profissão. Também não pensava ser professora, mas já leciono há 15 anos. O que quero dizer é que temos de nos preparar para a vida, mas confiar um pouco nos rumos que vão surgindo”, recomendou.
Mirar estrelas
Marion Bach também citou Rubem Alves: “Havia um homem apaixonado pelas estrelas. Para ver melhor as estrelas ele inventou a luneta. Aí se formou uma escola para estudar a sua luneta. Desmontaram a luneta. Analisaram a luneta por dentro e por fora. Observaram os seus encaixes. Mediram as suas lentes. Estudaram a sua física ótica. Sobre a luneta de ver as estrelas escreveram muitas teses de doutoramento. E muitos congressos aconteceram para analisar a luneta. Tão fascinados ficaram pela luneta que nunca olharam para as estrelas“.
Antes de dar por encerrada a solenidade ela recomendou: “Não esqueçam nenhum dia de olhar para as estrelas! Sejam bem-vindos à mais bonita das profissões!”
Superação
Uma das advogadas habilitadas no compromisso é a curitibana Thayne Vitória Silva dos Reis, 25 anos, cadeirante desde o nascimento. “Chegar à graduação foi uma luta. Ainda estudante, trabalhei com estagiária num gabinete do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) e com isso consegui cobrir os custos do transporte até a faculdade. Não é fácil se locomover e passar pelas tarefas cotidianas em uma cadeira de rodas, mas nunca deixei de sonhar por conta da minha limitação física. Ao contrário: isso me incentivou a ser exemplo para outras pessoas com deficiência”, ressalta.
Graduada em Direito há dois anos, Thayne seguiu estudando. Cursou a Escola da Magistratura e fez uma pós-graduação em Direito Imobiliário. “Também quero ajudar as pessoas com deficiência que não tenham tido as mesmas oportunidades porque sei que não é fácil obter apoio. Quando ainda usava uma cadeira manual, me sentia invisível em diversas situações, como na hora de entrar no elevador, sem contar com ninguém para segurar as portas. Com a cadeira motorizada, ficou mais fácil, mas os desafios são inúmeros”, relata ela.