Presente na audiência pública que discutiu a violência no futebol na última quarta-feira (29), o secretário-geral da OAB Paraná, Henrique Gaede, destacou a importância de um novo olhar sobre o problema. Para o advogado, é urgente uma análise aprofundada do contexto social e econômico que motiva alguns indivíduos a praticarem atos de violência e vandalismo nos dias de jogos.
“Estes atos praticados por uma minoria nada têm a ver com o espírito esportivo”, sustentou. “Futebol não é violência, é algo bem diferente. É um canal de construção de amizades, uma ferramenta que faz com que a função social e econômica do Estado ganhe cada vez mais força. Gera empregos, gera oportunidades”, pontuou Gaede.
Enquanto torcedor e grande entusiasta do esporte, Gaede ponderou que soluções como a ‘torcida única’, proposta pela Federação Paranaense de Futebol, são apenas paliativas. “É preciso aprofundar essa questão, pois a torcida única é uma punição para aqueles que gostam de futebol. No último Atletiba, por exemplo, que eu frequento há mais de 40 anos, fui privado de acompanhar um jogo de futebol por conta de atos de exceção”, opinou.
“O que faz uma pessoa sair de casa às 6h, pegar um ônibus e ir até Caxias do Sul para cometer um ato de vandalismo que nada tem a ver com futebol? A bola não estava rolando naquele momento, não existia um motivo qualquer para um cidadão cometer o crime que ele estava cometendo”, disse, referindo-se ao caso de violência registrada antes do jogo do Brasileirão, no Rio Grande do Sul.
“É necessário entendermos o que move esta minoria, identificarmos estas pessoas. O que está por trás disso não é futebol. Sou apaixonado por torcida organizada e posso afirmar que isso não é futebol. As pessoas que gostam de futebol não permitiriam que isso acontecesse. E se permitem é porque se sentem acuadas e têm receio de identificar”, pontuou Gaede.
Para Gaede, além de apoiar todas as frentes de combate à violência, é fundamental compreender o fenômeno por outro viés. “Precisamos dar um passo atrás e tentarmos entender o que está acontecendo com a sociedade. Estes reflexos – e isso não é de hoje – demandam uma análise para chegarmos a soluções um pouco mais assertivas. Aumentar a punição? Pode ser válido, é um caminho. Mas talvez o sistema de punição de temos no Brasil talvez ainda não cumpra esse papel”, opinou. “Estou orgulhoso da OAB estar preocupara com este tema. Temos que cuidar da questão da impunidade, apoiar todas as frentes legislativas que estão acontecendo, mas não podemos deixar de tentar entender o fenômeno sob um outro viés”, disse Gaede, frisando que a OAB Paraná está de portas abertas para o debate.