Presidente da OAB Paraná participa de caminhada contra o feminicídio

A presidente da OAB Paraná, Marilena Winter, e outros representantes da advocacia participaram nesta segunda-feira (22/7) da caminhada que marcou Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, organizada pela Secretaria da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa do governo estadual. A seccional apoiou o evento, que faz parte da programação da Campanha Paraná Unido no Combate ao Feminicídio. A data foi definida em alusão ao dia em que a advogada Tatiane Spitzner foi morta pelo marido, em Guarapuava, em 2018. Cerca de 2 mil participantes caminharam da Praça Santos Andrade, saindo ao meio-dia em ponto, sob o repique de sinos, rumo à Praça Osório pelo calçadão da Rua XV de Novembro.

A secretária de Estado da Mulher, Leandre Dal Ponte, liderou a caminhada, que também contou com a participação do procurador-geral do Estado, Luciano Borges. Estiveram presentes ainda representantes da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), administradores municipais, representantes de conselhos de classe, do Legislativo, do Ministério Público e o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargador Sigurd Bengtsson.

“Lamentavelmente, os números de violência e feminicídio no Brasil e no nosso estado ainda são aterrorizantes, muito preocupantes. O caso da Tatiane Spitzner nos marcou muito por ser uma colega nossa, que tinha acesso a todas as informações e isso não evitou essa tragédia”, afirmou a presidente da OAB Paraná. “Essa data precisa ser marcada para a conscientização da sociedade como um todo, mulheres, homens, de todo o Sistema de Justiça. É fundamental para que a gente possa reagir toda vez que um caso de agressão das mulheres for identificado. Acredito que é dessa forma que vamos conseguir reverter aos poucos esse quadro”, acrescentou Marilena.

A importância da organização do evento também foi destacada pela presidente da seccional. “A iniciativa da Secretaria da Mulher é muito louvável. A Lei Estadual [do Dia do Feminicídio] foi um marco importantíssimo, mas, acima de tudo, é importante trazer isso para a população enxergar e entender a gravidade e começar a perceber os sintomas sutis da violência. O enfrentamento da violência precisa de todas as pessoas”, ressaltou. “Os homens também exercem um papel muito importante porque é a partir da conscientização de muitos homens que vamos ter mudanças e o reconhecimento de uma cultura que é machista, misógina, que cria estereótipos da mulher, que olha para mulher como objeto. É a partir dessa mudança que nós vamos conseguir mudar. E não são só mulheres, são meninas, adolescentes. Mulheres de várias interseccionalidades: mulheres negras, mulheres indígenas, mulheres trans. No âmbito da violência existem subgrupos que são ainda mais excluídos e mais vulneráveis. Temos de reconhecer que enquanto não houver um movimento generalizado, enquanto a sociedade não identificar que há uma epidemia a ser enfrentada, vamos continuar de uma forma muito lenta nesse enfrentamento”, afirmou.

“A nossa caminhada é longa, mas tenho certeza de que com a ajuda de todas vocês o Paraná será um estado livre da violência contra a mulher”, afirmou a secretária de Estado da Mulher.

Sobrevivente

A corretora de seguros Odete Costa de Oliveira, 50anos, sofreu uma tentativa de feminicídio do ex-marido em 2011 e ainda tem feridas físicas e emocionais. Ela participou da caminhada com o objetivo de ajudar ajudar outras mulheres que passaram pelo que ela passou. “Meus filhos e eu temos apoio de amigos e da família. E hoje vim aqui apoiar outras mulheres também”, disse Odete. Ela conta que se emocionou quando soube da história de Tatiane Spitzner. “Me entristeci. Impossível não sofrer ao ouvir essa história depois do que eu passei”, lamenta.

A corretora de seguros participa de um projeto contra violência de gênero na igreja em frequenta, chamado Quebrando o Silêncio. Ela também dá palestras colabora com as publicações do grupo contra a violência de gênero. A última edição, conta, tratou da violência contra mulher grávida.

Homens também marcaram presença no evento. “Sou um ativista que acredita que o Estado tem que estar presente na defesa dos direitos da mulher. Isso é o que me motiva estar aqui”, afirmou o servidor público José Alberto Jordão Junior.

No final da caminhada, a presidente da OAB Paraná, Marilena Winter, participou de um obra de arte colaborativa, cuja base foi estruturada pela artista plástica Raquel Lima.