Presidente da OAB Paraná fala da importância do advogado para a Justiça

Em artigo publicado na edição do jornal Gazeta do Povo do dia 11 de agosto, o presidente da OAB Paraná, Alberto de Paula Machado, fala da importância do advogado na conquista de uma sociedade mais justa e equilibrada.  Confira o artigo:

 

Dia do Advogado

 

Provavelmente em nenhum outro momento da nossa história a Justiça, o Direito, juízes e advogados tenham sido objeto de tantas discussões na sociedade brasileira. Talvez porque o país esteja alcançando o grau de maturidade das nações que aprenderam a valorizar a Justiça. Nessas condições, temas antes enclausurados nas salas do Poder Judiciário e dos escritórios de advocacia ganham as ruas e interessam a todos os cidadãos.

O processo de construção de uma sociedade moderna, mais justa e equilibrada, deve contar necessariamente com uma Justiça que atenda ao binômio da eficiência e do respeito aos direitos do cidadão. A eficiência se revela com um Judiciário acessível a qualquer um do povo. Não é desejável que a Justiça, uma das funções essenciais do Estado organizado, pratique a lógica das salas de cinema: primeiro se paga e depois se usufrui os benefícios, assistindo ao filme.

Os direitos fundamentais previstos na legislação brasileira deveriam proteger todos os cidadãos – ricos, remediados, pobres. A população carente tem direito inclusive à assistência de um advogado, remunerado pelo Estado, tal como se faz com o médico e com o professor da escola pública. Mas é induvidoso que as pessoas com poucos recursos são privadas do acesso à Justiça.

A eficiência do Judiciário se completa com uma atividade rápida e efetiva. Não adianta reparar um dano dez anos após a parte prejudicada ter buscado a Justiça para a solução. Todos têm na família alguma triste história de casos que se arrastam no Judiciário por longos anos sem solução. Este é um dos fatores de maior descrédito da Justiça brasileira, ou seja, a sua irritante morosidade.

A morosidade é irmã da impunidade. Numa sociedade acostumada a ver crimes impunes, a população é levada a aplaudir o espetáculo das prisões provisórias e temporárias e a condenação sumária muitas vezes liderada pela imprensa. Os fins, no entanto, não podem justificar os meios. A Justiça depende do equilíbrio entre eficiência e respeito aos direitos, o segundo preceito de uma sociedade equilibrada.

Não é demais relembrar que a nossa República fundamenta-se no respeito à cidadania e a dignidade da pessoa humana, conforme estabelece o artigo 1.º da Constituição. As disposições constitucionais prevêem ainda que ninguém deve ser obrigado a fazer ou deixar de fazer senão em virtude de lei (artigo 5.º, II), que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas (artigo 5.º, X), que a casa é asilo inviolável do indivíduo (artigo 5.º, XI), que é inviolável o sigilo de correspondência e de comunicações, inclusive telefônicas (artigo 5.º, XII), e que ninguém será considerado culpado sem que exista sentença condenatória irrecorrível (artigo 5º, LVII).

O jurista Miguel Reale Júnior, em participação na Conferência Estadual dos Advogados, realizada pela OAB Paraná no mês de junho passado em Curitiba, em forte discurso disse que “a Constituição mente” quando assegura inúmeros direitos aos cidadãos, mas tais direitos são ignorados. Sem menosprezar o contundente discurso do jurista Reale Júnior, prefiro ser otimista e dizer que estamos avançando. A sociedade moderna, justa e equilibrada que almejamos está sendo construída, embora a passos ainda lentos.

Muitos dos avanços conquistados pela sociedade brasileira passaram pelas mãos dos advogados, considerados pela Constituição agentes indispensáveis para a obtenção da Justiça. Amparada por eles, a população tem melhores condições de alcançar o Poder Judiciário e fazer valer seus direitos. No dia 11 de agosto, rendo, portanto, homenagens especiais aos advogados do Estado do Paraná.

Alberto de Paula Machado

Presidente da OAB Paraná

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