Em entrevista à repórter Andréa Lombardo, do jornal Folha de Londrina, o presidente da Associação dos Magistrados do Paraná (Amapar), Miguel Kfouri Neto, criticou a falta de estrutura para o funcionamento da primeira instância da Justiça Estadual. Segundo o desembargador, os juízes reclamam do acúmulo de processos. De acordo com Miguel Kfouri, o juiz de primeira instância não conta com nenhuma estrutura de apoio. Ele é solitário. Quando dispõe de uma certa estrutura, é porque ele paga do bolso””, afirmou o presidente da Amapar na entrevista.
De acordo com a reportagem, o desembargador diz ainda que os juízes das varas de primeira instância têm à sua disposição apenas um estagiário (acadêmico de Direito). “”O Judiciário ainda não virou um caos completo por causa da boa vontade do juiz””, disse Miguel Kfouri à reportagem do jornal. Segundo ele, a criatividade dos colegas, principalmente do interior, é que tem mantido o juízo de primeiro grau funcionando, ainda que a duras penas.
O desembargador diz ainda que a tecnologia e as facilidades de acesso à Justiça fizeram aumentar o volume de processos. O problema é que a estrutura do Judiciário não acompanha essa evolução, afirma. “”Antes, as demandas aumentavam em progressão aritmética. As varas criadas e que ainda não foram implementadas já estão defasadas. Precisaria fazer um novo mapeamento””, avaliou.
Outro agravante, apontou o juiz, é que quando um magistrado de determinada comarca tira férias, não há substituição. Algum colega assume a vara que ficou vaga, além de ter que dar conta de suas próprias atribuições.
Problemas como os citados por Miguel Kfouri foram apontados pelos advogados paranaenses na pesquisa do Diagnóstico do Poder Judiciário realizada no ano passado pela OAB Paraná. O presidente da Amapar informa na reportagem da Folha de Londrina que a associação também lançou no mês passado uma consulta para conhecer a opinião dos magistrados sobre o Poder Judiciário. A partir das respostas, será elaborado o “”Diagnóstico da Magistratura Paranaense””.