Os desafios da advocacia foram o tema do diálogo travado entre o presidente da OAB Paraná, Cássio Telles, e o professor e advogado Carlos Eduardo Manfredini Hapner e convertido num dos episódios do podcast Dadocast, que foi ao ar hoje (11/8), data em que se celebra o Dia da Advocacia. Cássio Telles falou sobre o múnus público da atividade, lembrando que se trata da única profissão a ter estabelecida legalmente uma finalidade que transcende a sua própria atuação por meio do artigo 44 da Lei 8.906/94, que fixa como papel da advocacia como a defesa da Constituição, da ordem jurídica, do Estado Democrático de Direito, dos direitos humanos e da justiça social.
Questionado sobre o desafio de comandar uma seccional com 74 mil advogados ativos, Telles contou que foi um de seus antecessores, José Lúcio Glomb, quem mostrou o caminho. “Ele disse que eu não me preocupasse porque atrás da cadeira de presidente da OAB Paraná, seja ela ocupada por quem for, tem uma instituição respeitadíssima. Quando ela fala, se faz ouvir porque é a instituição que fala, com o respaldo de 74 mil profissionais”. Como exemplo dessa força coletiva, Telles citou o desagravo à advogada Valéria Lúcia dos Santos, feito em dezembro de 2018. “Chovia muito, mas do lado de fora do Fórum de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, lá estavam quase 2 mil colegas acompanhando o desagravo”, lembrou.
Com referências às projeções feitas por Steven J. Harper no livro “The lawyer bubble: a profession in crisis”, o podcaster trouxe à tona questões como a remuneração do advogado e a falta de mercado para tão grande número de profissionais — mais de 1,1 milhão em todo o Brasil. Telles comentou que vê no papel do profissional da advocacia uma mudança que exige preparo, estudo e mergulho numa mudança de cultura. “Estamos indo do contencioso para o consultivo. Atividades como arbitragem, mediação, conciliação e mesmo negócios processuais, sobre os quais ainda pouco sabemos são sinais dessa cultura nova”, frisou. Para o presidente da OAB Paraná os avanços tecnológicos não podem fazer da advocacia uma atividade automatizada, pois a sensibilidade é imprescindível. “Passada a pandemia precisamos voltar ao encontro, uma força que alimenta nossa responsabilidade e o amor que devemos ter para agir como médicos a curar as doenças da sociedade.”
Desde junho, quando foi criado, o podcast de Hapner disponibiliza conteúdo via streaming, para acesso por meio de celular, tablets e computadores, com o uso de maioria dos tocadores, dentre eles Spotify e Apple Podcast.
Confira o episódio com a entrevista neste link, no Spotify ou no canal Apple Podcasts.