Um debate sobre a violência contra as mulheres nos eventos desportivos norteou reunião aberta realizada nesta segunda-feira (5) pela Comissão de Direito Desportivo. Parte da programação do Fórum Permanente de Discussão sobre Violência no Esporte, o evento reuniu representantes da advocacia, de clubes e torcidas organizadas do Paraná e da Polícia Militar.
Além da participação das advogadas Mayara Suzuki, do Londrina Esporte Clube; Lorena de Cassia Klock, do Coritiba Foot Ball Club; Lais Benatti, do Paraná Clube; e Regina Bortoli, do Athletico Paranaense, o evento contou com a participação remota da repórter Renata Medeiros, da Rádio Gaúcha, que relatou o assédio e desrespeito que sofreu no ambiente de trabalho.
A jornalista cobria uma partida entre Grêmio e Inter em Porto Alegre quando um torcedor do Inter a insultou e agrediu fisicamente. “Os clubes estão aprendendo a agir diante dessas situações, que antes não eram denunciadas. Estamos mostrando que estas coisas acontecem e que devem ser punidas”, disse Renata. Casos como o dela e o da repórter Bruna Dealtry, do canal Esporte Interativo, beijada à força por um torcedor em uma cobertura ao vivo de uma partida de futebol no Rio de Janeiro, mobilizaram a campanha #DeixaElaTrabalhar, que visa jogar luz sobre o problema e pedir respeito às profissionais (saiba mais aqui).
Entre as propostas apresentadas pelos participantes para coibir situações recorrentes de violência contra a mulher esteve a criação de um protocolo de gênero. “Trata-se disso que está na essência de todos os relatos: isso só acontece porque é mulher, a cultura nos coloca nessa pseudofragilidade. Aqueles que reiteram esse tipo de comportamento transferem para a mulher a culpa. Há uma violência, uma discriminação específica contra a mulher. Temos que ter um protocolo para saber que existe uma violência praticada contra a mulher, e não só nos clubes de futebol, mas no esporte em geral”, destacou a vice-presidente da OAB Paraná, Marilena Winter.
Outra situação abordada no debate foi um recente caso de assédio de uma adolescente de 17 anos nas arquibancadas do estádio Couto Pereira. O responsável foi preso em flagrante pela Polícia Militar. “É inadmissível num ambiente público acontecer cenas como esta. Isso é algo vergonhoso para a nossa geração”, argumentou Marilena. “Todas as ideias apresentadas foram ótimas, mas é necessário ampliar o diálogo para que a PM se atente para uma violência específica que acontece contra as mulheres”, disse. “É impossível ficar indiferente a este fato. Temos a obrigação de impedir que isso aconteça”, frisou.
O debate completo pode ser acessado no Facebook da Comissão de Direito Desportivo da OAB Paraná.