A Universidade Federal do Paraná (UFPR) celebra seu 110º aniversário nesta segunda-feira, 19 de dezembro. As festividades alusivas à data na mais antiga universidade do país começaram na quinta-feira, no Teatro da Reitoria, com uma sessão pública do Conselho Universitário que incluiu homenagens a servidores e pesquisadores e uma apresentação do grupo de canto erudito Madrigal. Durante a sessão, o reitor Ricardo Marcelo Fonseca anunciou que a 75ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) será realizada na UFPR em julho de 2023.
Ao saudar a data, a diretoria da OAB Paraná destaca que são intensos e antigos os laços que unem as duas instituições. “A Faculdade de Direito da universidade e a seccional da Ordem no Paraná têm um patrono em comum, o intelectual e jurista negro Pamphilo Velloso D´Assumpção. Desde as origens, o compromisso com a democracia e a liberdade está e sempre estará na ordem do dia de ambas as instituições. A UFPR é também a alma mater de muitos presidentes da seccional. Nos anos de chumbo da ditadura militar, um professor desta universidade – o imortal René Ariel Dotti, laureado pela OAB Paraná com a medalha Vieira Netto, defendeu dezenas de perseguidos pelo regime. Eis um elo de que muito nos orgulhamos”, afirma a presidente da OAB Paraná, Marilena Winter.
A advogada ressalta ainda que em 1978, quando se realizou em Curitiba a histórica conferência em que a advocacia brasileira clamou pela volta do Habeas Corpus, a UFPR e a OAB ocupavam as mesmas trincheiras. Goffredo da Silva Telles, Raymundo Faoro e Eduardo Rocha Virmond conduziam os trabalhos da 7ª Conferência Nacional no Teatro Guaíra enquanto, do outro lado da Praça Santos Andrade, no simbólico prédio que abriga a Faculdade de Direito da UFPR, reuniam-se as comissões daquele relevantíssimo encontro sobre o Estado de Direito.
O reitor da UFPR destaca também a figura de José Rodrigues Vieira Netto como laço entre as duas instituições. “Ele foi único professor de Direito cassado pela ditadura militar, por ser comunista”, lembra. “A alma mater de tantos paranaenses, primeiro Universidade do Paraná e depois Universidade Federal do Paraná, é um dos pilares da vida acadêmica, mas também da vida jurídica do nosso estado. O curso de Direito, que existe desde a fundação, teve personagens cuja história se mescla com a da advocacia paranaense. É um grande orgulho que a mais antiga universidade do Brasil continue forte, protagonista e em articulação com a seccional paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil”, declara Fonseca.
Cronologia
A luta por uma universidade paranaense começou em 1892, quando José Francisco da Rocha Pombo, deputado provincial pelo Partido Liberal e jornalista engajado na causa abolicionista, lançou na Praça Ouvidor Pardinho a pedra fundamental de uma futura universidade. O sonho não foi adiante em razão das turbulências políticas da Revolução Federalista que ocorria no Sul do Brasil.
Duas décadas depois, em 1912, Victor Ferreira do Amaral e Silva liderou a criação efetiva da Universidade do Paraná, tornando-se também seu primeiro reitor. Era uma época de progresso da economia paranaense, com intensas produção e venda de erva-mate. O dia 19 de dezembro, data da emancipação política do Estado, passou a representar também emancipação intelectual. Os cursos de Ciências Jurídicas e Sociais, Engenharia, Medicina e Cirurgia, Comércio, Odontologia e de Farmácia e Obstetrícia foram os primeiros oferecidos pela Universidade do Paraná.
Em terreno doado pela prefeitura de Curitiba, o prédio da nova instituição começou a ser construído. Nos anos seguintes, porém, dificuldades político-econômicas levariam à pulverização da universidade em faculdades autônomas. O esforço pela reunificação só foi possível no fim dos anos 40. Em 1950, a instituição foi federalizada. Já com o nome de Universidade Federal do Paraná, viveu anos de expansão com a construção do Hospital de Clínicas, em 1953, o Complexo da Reitoria, em 1958 e o Centro Politécnico, em 1961. Os campi de Palotina e do Jardim Botânico, este em Curitiba, surgiram na década 90. Em 2005, foi inaugurado o câmpus do litoral. Atualmente, a UFPR conta com campi em seis cidades do estado: Curitiba, Pontal do Paraná, Matinhos, Jandaia do Sul, Toledo e Palotina.
Aos 110 anos, a UFPR segue fiel ao lema proposto por Victor Ferreira do Amaral e Silva: “Ciência e Trabalho”.
