A OAB Guarapuava abriu na manhã desta sexta-feira (7/6) mais uma etapa do projeto Valorização da Advocacia. A cidade é a 14ª contemplada com a iniciativa da atual gestão da OAB Paraná, que busca identificar potenciais nichos econômicos por região, trazendo para as subseções especialistas nessas áreas do direito.
A sessão foi aberta pela presidente da OAB Paraná, Marilena Winter, e contou com as presenças de diretores da seccional, da subseção da OAB em Guarapuava, da Caixa de Assistência dos Advogados (CAAPR) e palestrantes convidados. Em Guarapuava estão em discussão a precificação de honorários como forma de valorizar os clientes, marketing jurídico no Instagram e nas redes sociais, e técnicas de mediação para solução de conflitos.
Marilena Winter destacou a importância dos temas escolhidos pela advocacia local e também mencionou a importância do encontro para discutir questões como a recente decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que definiu que a penhora de salários, aposentadorias, pensões ou saldo de poupança de até 40 salários-mínimos para honorários advocatícios não se enquadra na categoria de prestação alimentícia. Na avaliação da advogada, a decisão foi um retrocesso e deverá ser discutida.
A presidente da OAB Guarapuava, Maria Cecília Saldanha, enalteceu a importância da iniciativa e agradeceu a organização do evento. “É muito bom ver a nossa advocacia reunida aqui hoje, porque somos sempre muito questionados sobre o que está sendo feito para a valorização da advocacia. A advocacia tem influências em vários aspectos da nossa sociedade e antes de qualquer campanha, a valorização deve vir de nós mesmos, da nossa postura, do nosso trabalho. o nosso desempenho profissional é o que vai gerar a nossa valorização. esse olhar não simplesmente de aprimoramento individual, mas é coletivo”, destacou.
“Estamos hoje na 14ª subseção que o projeto chega, e que traz a ideia do debate de temas que deverão ser escolhidos pela subseção. Não apenas trazemos pessoas aptas a falar sobre o tema, mas também relevamos grandes talentos da advocacia em todas as subseções que estivemos. Para mim foi uma grata surpresa confirmar aquilo que eu já sabia, que temos uma advocacia muito forte e pujante em qualquer lugar do Paraná”, destacou o vice-presidente Fernando Deneka.
A coordenadora do projeto Valorização da Advocacia, advogada Érica Kovalechen, destacou a parceria e o empenho de todos os atores envolvidos na concretização do projeto. “Muito obrigada pela presença de todos, espero que seja uma manhã de muito proveito, tenho certeza que sairemos daqui muito melhores”, disse.
A vice-presidente da CAAPR, Kelly Cristina de Souza, apresentou as ações e projetos da instituição em benefício da advocacia. Ela destacou a implantação das ações da CAA, como o auxílio violência doméstica. “Infelizmente já tivemos uma colega advogada que precisou solicitar”, disse. “Estamos à disposição da advocacia paranaense”, frisou.
Reconhecimento
A sessão de abertura foi marcada também por uma homenagem ao advogado Toribio Augusto Pimentel Budal, que atuou ao longo de uma década na 10ª turma do Tribunal de Ética e Disciplina (TED), além de ter atuado como conselheiro. Ele recebeu uma láurea da presidente Marilena Winter, do Corregedor-Geral da OAB Paraná, Luiz Fernando Matias, e do conselheiro Roberto Ribas Tavarnaro.
“ Durante uma década de dedicação ao TED, Toribio Augusto Pimentel Budal conduziu os trabalhos da 10ª Turma de maneira exemplar, ensinou os colegas do colegiado e honrou a subseção e a advocacia de Guarapuava. Temos até hoje gratas lembranças a atuação do Dr. Toribio. Hoje é um privilégio homenageá-lo. Receba de todos nós a homenagem ao serviço que prestou em prol da advocacia e da OAB”, disse Tavarnaro.
“Agradeço a homenagem. Sinto a satisfação de dever cumprido em prol da OAB essa instituição que nos representa e que respeito muito pela herança do meu pai, também advogado”, agradeceu Toribio.
Precificação de honorários
O tema Precificação de Honorários foi abordado pelo diretor tesoureiro da seccional, Luiz Fernando Pereira, com mediação do advogado Giovani Ortolan. Pereira trouxe contribuições práticas para o dia a dia da advocacia por meio de um bate-papo com os presentes. Ele partiu das observações de Francisco Müssnich para abordar a importância de o advogado se reconhecer como um prestador de serviço.
“A graduação nos ensina direito material, a interpor agravo de instrumento, a redigir um contrato, mas não nos ensina a advocacia como um empreendimento jurídico, um negócio. E é preciso dizer que a advocacia privada implica na prestação de serviço e concorremos com outros prestadores de serviço na área do direito”, sustentou.
“Se reconhecer como um prestador de serviços não é renunciar ao papel maior que tem a advocacia. O advogado, por imposição do Estatuto da Ordem, tem compromissos que extrapolam a atuação mais destinada à defesa dos temas corporativos da profissão. Está na no Art. 44, inciso 1º, a defesa da democracia, das leis da justiça social. Isso só nós temos, nenhuma profissão tem mais. Mas não é porque nos reconhecemos assim que renunciamos a outra função que tem o advogado”, disse.
Sobre a precificação de honorários, Pereira reconheceu ser um tema difícil para a advocacia. “É uma conta simples de se fazer. Quando fiz a conta pela primeira vez, com quase dez anos de escritório, descobri que estávamos advogando para vários clientes em prejuízo. É comum no escritório que haja aquela advocacia de partido. Temos algumas empresas que pagam mensalmente para o trabalho que você realiza. Como estimamos esses honorários?”, disse.
O primeiro cálculo a ser feito, segundo Pereira, é o valor da hora. “Quanto custa a sua hora? Você soma todas as despesas do escritório e depois acrescenta quanto acha que deve ser a sua remuneração em função do tempo de atuação que tem. Você faz a soma desses valores e divide o custo pelo número de horas que tem disponíveis. Todo mês calculamos o valor da hora no escritório. É preciso medir também quanto o cliente demanda. Contabiliza quantos minutos dedica à tarefa que está fazendo. No final do mês quanto dedicou àquele cliente?”, disse.
Além desse cálculo, é preciso encantar o cliente. “Como eu meço isso? No escritório a gente faz no final de todos os anos uma pesquisa de satisfação com todos os clientes. Com isso, medimos o grau de satisfação. Então eu sei sempre o nível de satisfação e uso isso para definir bônus para os advogados. Outra coisa que usamos é perguntar ao cliente por que ele nos procurou”, disse. “Só um cliente entusiasmado te indica”, disse.
“Tem uma regra de ouro para quem está começando: se você tiver um único cliente, entusiasme esse único cliente. Se você não encantá-lo, está jogando fora a maior capacidade de crescimento. Se ele estiver entusiasmado ele pode te indicar para uma causa grande”, pontuou Pereira.
O segundo painel foi conduzido pelo coordenador de Fiscalização da OAB Paraná, André Portugal Cezar. Ele apresentou ferramentas estratégicas para crescimento de escritórios de advocacia através do marketing digital.