Um diálogo sobre o feminino no Direito e as mulheres na liderança norteou palestra ministrada na noite de segunda-feira (8) pela vice-presidente da OAB Paraná, Marilena Winter, na Semana da Mulher da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná). O evento, concebido como um espaço de troca de vivências e discussões sobre o espaço feminino, contou também com as participações de Cinthia Freitas, Ligia Melo Casimiro e mediação de Gabriela Toazza.
Partindo de uma breve exposição sobre os espaços público e privado, lembrando que historicamente o lugar da mulher foi convencionado ao espaço privado, da família, a advogada destacou a importância de compreender o motivo da urgência de debater espaços de fala e de liderança, uma vez que muitas questões do universo feminino foram invisibilizadas por uma cultura patriarcal.
“Passados mais de 30 anos da Constituição, por que ainda discutimos esse tema e partimos da constatação de que ainda estamos marchando rumo à conquista da igualdade? Discutir o papel e a importância da mulher nos cargos de liderança, nas mesas de discussão, nas mesas decisórias, é fundamental para que possamos ter uma fala e uma escuta feminina, para superar esse modelo em que a mulher era invisível”, sustentou
Representatividade
Para Marilena, é fundamental ter em mente o questionamento sobre o porquê da importância das mulheres participarem ou exercerem funções de liderança. “Essa abordagem me parece fundamental para a luta daqueles que estão engajados na construção da democracia, porque esse desafio acaba por nos colocar uma necessidade de garantir a representatividade paritária. A perspectiva feminina é fundamental ao Direito. A liderança tem esse viés: quando falamos em ocupar mesas de decisão, falamos em preencher vazios históricos de fala feminina”, disse.
“A inserção da perspectiva de gênero precisa ser compreendida em todas as instâncias. É importante levar as circunstâncias muito peculiares das mulheres porque o sujeito neutro reafirma o preconceito”, defendeu.
Para Marilena, a liderança feminina e o Direito são transversais a outros temas. “A ausência das mulheres nos espaços de decisão e a ausência da voz e fala femininas tem seus dias contados. Uso o exemplo da OAB, onde mulheres fizeram um grande movimento e transformaram uma realidade que vinha sendo lentamente modificada. Foi este movimento que proporcionou que, num curto espaço de tempo, fosse lançado o projeto Paridade Já. Penso que a advocacia, que é a profissão da defesa da Constituição, pode ser exemplar. O exercício da advocacia, enquanto profissão incubida da defesa, está numa posição simbólica de dar exemplo à sociedade. Tem potencial para ajudar a ter uma justiça mais includente, que olha para o outro e para a outra e caminha para a solidificação da verdadeira democracia”, afirmou.
“Considero a mulher como um agente de transformação importante, no sentido de caminharmos em prol da solidificação da nossa democracia. Esse tema não é afeto apenas a um interesse restrito de um pequeno grupo ou do grupo de mulheres. É uma questão de desenvolvimento humano, social, econômico. Quanto maior a capacidade de inclusão, de assegurar um lugar de fala para todas as minorias, maior é o índice de desenvolvimento e a nossa capacidade de superar as grandes diferenças sociais no nosso país”, concluiu Marilena.
A Semana da Mulher da PUCPR será realizada até o dia 12 de março, com o intuito de celebrar o dia internacional da Mulher. Confira a programação https://eventum.pucpr.br/semanadamulherpucpr2021