A presidente da OAB Paraná, Marilena Winter, participou nesta terça-feira (21/3) de uma Roda de Conversa sobre as dificuldades da mulher no mercado de trabalho e a atuação da Comissão das Mulheres Advogadas da OAB Paraná. O diálogo integrou a programação da Semana da Mulher da PUC-PR, evento interdisciplinar promovido com o objetivo de discutir a temática da mulher sob diversos enfoques. A mesa contou também com a participação da conselheira estadual Liliane Busato.
Marilena trouxe ao debate dados do IBGE que apontam que em 2020, com o início da pandemia, 825,3 mil postos de trabalho foram extintos. Deste total, 71,9% eram ocupados por mulheres. Outro dado preocupante apresentado pela presidente da seccional foi o encolhimento da participação feminina no mercado de trabalho, que passou de 44,8%, em 2019, para 44,3% em 2020. “Foi o primeiro retrocesso da década e o menor nível desde 2016”, disse.
A presidente da Ordem citou ainda dados da pesquisa da consultoria IDados, com base em levantamentos do IBGE, que mostrou que as mulheres ganham 20,5% menos em comparação com homens nas mesmas funções. Em 2021, prosseguiu Marilena, “com a imunização em massa contra a covid-19 e retomada da economia, a lacuna profissional entre homens e mulheres aprofundou: a retomada dos mercados de trabalho foi assimétrica, em desfavor das mulheres”, afirmou.
Entre as dificuldades extras para as mulheres apontadas por Marilena estão fatores como mercado reduzido, jornadas ainda mais extensas, educação postergada e maternidade.
Após a reflexão proposta a partir da apresentação dos dados oficiais, Marilena elencou ações da OAB visando a equidade de gênero, citando ações como a paridade de gênero e cotas raciais adotadas em 2021, em decisão histórica entre entidades do gênero; a criação da Ouvidoria da Mulher na OAB Paraná, medida que inspirou outras seccionais a fazerem o mesmo; debates, campanhas e ênfase constante na defesa das prerrogativas da mulher advogada, entre outras medidas.
A presidente da seccional defendeu o fomento a políticas públicas que considerem as demandas femininas no mercado de trabalho, como por exemplo a oferta de mais creches e escolas públicas com atendimento em período integral, frisando ser fundamental que o sistema de educação ofereça suporte aos horários de trabalho adotados pelo mercado. Enalteceu, ainda, medidas como a ampliação da licença-paternidade e a flexibilização de jornadas de trabalho, além de destacar a importância de redes de apoio nos ambientes profissionais e educacionais.
“Toda vez que uma mulher se defende, sem nem perceber que isso é possível, sem qualquer pretensão, ela defende todas as mulheres”, disse Marilena, citando a escritora Maya Angelou.