No dia 27 de agosto de 1980, portanto, há 40 anos, um atentado por meio de carta-bomba tirou a vida de Lyda Monteiro, secretária da presidência da Ordem dos Advogados do Brasil, em sua sede, no Rio de Janeiro.
Dois anos antes, a 7 de maio de 1978, em Curitiba, na VII Conferência Nacional da Advocacia, sob o título “O Estado de Direito”, advogados e advogadas clamavam pela redemocratização do país, uma luta que a OAB jamais abandonou. E, em Curitiba, para orgulho dos paranaenses, sob o comando do então presidente da OAB Paraná, Eduardo Rocha Virmond e do presidente do Conselho Federal, Raymundo Faoro, iniciou-se um movimento nacional, reclamando respeito às garantias fundamentais.
O atentado contra D. Lyda demonstrou a face mais cruel e repugnável de um regime autoritário e anti-democrático, tirando a vida de uma trabalhadora que se dedicava diariamente a servir a organização administrativa de nosso órgão de classe, como funcionária. Uma lamentável perda.
Mas junto veio também um atentado à advocacia, querendo estabelecer um “cala-boca” àqueles que fazem da palavra o seu maior instrumento de luta contra arbitrariedades, injustiças, desigualdades e discriminações. A advocacia não se calou, pelo contrário, passou a bradar mais forte por uma nova Constituição, por eleições diretas, pela redemocratização.
A data deve ser rememorada sempre, como marco renovador de nossos compromissos de defesa das liberdades, do Estado Democrático de Direito, dos Direitos Humanos, da Constituição e da legalidade. A perda da vida de D. Lyda será sempre lamentada, mas servirá, também sempre, de reforço e estímulo à união da advocacia em torno de seus ideais democráticos e humanitários.
27 de Agosto, Dia de Luto da Advocacia Brasileira, mas, também, dia que lembra as lutas que travamos na nossa atuação diária por uma sociedade mais justa, fraterna, livre, democrática e solidária.
Cássio Lisandro Telles
Presidente da OAB-PR