Uma parceria da OAB Paraná com a empresa Eco Local vai converter o lixo reciclável da seccional em bancos, pavimentos, revestimentos de paredes, lixeiras, vasos e outros objetos. O modelo ainda está em teste e, se funcionar bem, deve ser multiplicado nas 48 subseções do Paraná.
A Eco Local nasceu há 17 anos, fruto da paixão do geógrafo, biólogo e técnico em gestão ambiental Filipe Oliveira pela preservação do litoral, inicialmente em Santa Catarina. Recolher lixo na praia e inspirar outras pessoas a fazer o mesmo o levou a ser chamado para ações educacionais em colégios. A Eco Local adota a Escola José Miguel Zimmermann, localizada em Barra Velha, Santa Catarina, focando especialmente em crianças do quarto ao quinto ano do ensino fundamental com o programa “Quem conhece, preserva”. As atividades também costumam envolver outras comunidades litorâneas, como os surfistas.
Há 12 anos, as ações começaram a ser feitas também no Paraná, tanto na Ilha do Mel quanto em Matinhos. Tendo como meta o lixo zero, Oliveira firmou há dois anos uma parceria com a Usina Carbo Brasil, localizada em Blumenau, Santa Catarina. Desde o ano passado, é lá que o lixo reciclado sem valor comercial, recolhido pela Eco Local, é triturado, aglutinado e prensado para dar forma a objetos de uso corrente. No meio do caminho, o material precisa ser armazenado em barracões, até que integre volume suficiente para ser enviado para o processamento.
“Quando firmamos as parcerias, recolhemos todo o lixo reciclável, separamos o que tem valor comercial, como garrafas pet e latinhas, e o restante é triturado, aglutinado e prensado. No caso da OAB Paraná, estamos com um projeto piloto para verificar a viabilidade de compensar os custos logísticos da operação”, explica Oliveira.
De acordo com ele, nestas primeiras semanas de operação apurou-se que a seccional gera, em média, 50 quilos de lixo por dia. Deste total, 60% é comercialmente reaproveitável e 40% é material orgânico ou sem valor para a reciclagem direta, como folhas de base de etiquetas. A confecção de um banco de praça demanda 50 quilos do material que iria, originalmente, para aterros sanitários. Essa proporção dá a noção dos benefícios que a parceria em análise pode trazer para a seccional e para toda a comunidade.
“Achamos que poderia ser uma oportunidade de experimentar uma mudança em nossos hábitos e de aperfeiçoar nossa cultura de sustentabilidade utilizando material que já está circulando no meio ambiente, e que leva muito tempo para deteriorar, dando-lhe uma nova destinação. Esses bens, que tiveram custo para ser adquiridos, podem ter nova utilidade sem custos adicionais. Assim, a proposta nos pareceu interessante também do ponto de vista econômico”, avalia a vice-presidente da OAB Paraná, Marilena Winter.
Marilena diz que a multiplicidade de usos do material descartado chamou a atenção da diretoria da seccional. “É possível convertê-lo em itens de construção (blocos de paver, meio-fio, lajotas) e até em móveis para ambientes externos. Levamos em conta a eficiência de uma ação como essa, pois os bens produzidos podem impactar na extração matéria-prima originária e no consumo de novos bens, economizando recursos ambientais e econômicos. A parceria está em fase de testes, com expectativa de bons resultados”, comenta.
A advogada Silvia Turra Grechinski, que conhecia o trabalho da Eco Local por atuar na ONG Parceiros do Mar, fez a indicação para a OAB Paraná.”Na Parceiros do Mar trabalhamos com educação ambiental em diversos níveis. Intermediar o contato da Eco Local, da qual somos parceiros, com a OAB Paraná, meu órgão de classe, é com certeza expressão de cidadania e responsabilidade socioambiental. Estamos muito felizes e acreditamos nos resultados do impacto da parceria para geração de renda, descarte correto e redução do consumo, cuidando do planeta e da sociedade”, afirma ela.