Fernando Deneka, vice-presidente da OAB Paraná, compartilha sua trajetória profissional com a advocacia iniciante

O vice-presidente da OAB Paraná, Fernando Deneka, compartilhou sua experiência com a jovem advocacia no evento De frente com a CAI, organizado pela Comissão da Advocacia Iniciante da OAB Paraná. O evento foi conduzido pela advogada Katiely Ribeiro, vice-presidente da comissão. Ao iniciar, ela lembrou que a ideia do evento é trazer pessoas que são referência na profissão e que podem compartilhar suas histórias de vida e da carreira para inspirar os profissionais.

Deneka contou que desejava cursar Direito desde criança. E, quando chegou o momento de ingressar na faculdade, contrariou a mãe, que desejava que ele fizesse medicina. Ele se emocionou ao lembrar que perdeu o pai aos 11 anos e contou que, aos 12, começou a trabalhar em uma agropecuária. Aos 14, foi trabalhar como contínuo no programa de estágio do Banestado, onde atendia as pessoas que, nos tempos de inflação, precisavam ter o quanto recebiam de salário a cada mês registrado em um caderno. “Foi meu primeiro curso de relações pessoais”, relembrou.

No ensino médio, deixou sua cidade, Imbituva, e foi morar em Ponta Grossa para estudar. Nessa época, dava aula de reforço em espanhol. Para satisfazer a mãe prestou vestibular para Medicina e chegou bem perto de entrar, mas também passou em Direito na Universidade Estadual de Ponta Grossa, onde optou por começar o curso. No primeiro dia de faculdade, entrou em um escritório e perguntou se precisavam de estagiário. Mesmo com os sócios incrédulos, conseguiu ficar para aprender, a princípio sem remuneração.

Depois de um tempo fazendo cobranças — no modo raiz, batendo portas e enfrentando cachorros — começou a receber o percentual de dívidas cobradas. Deneka relembrou com alegria o primeiro carro que comprou, no terceiro ano de faculdade. “Era um Golf zero km. Não sobrou um real no bolso, mas foi minha maior realização de compra da vida”.

Sua formação como profissional foi além de cobrador de dívidas e ele foi crescendo no escritório e desenvolvendo seus métodos de estudo e trabalho. “Eu gostava de escrever. Focava nas rotinas, criava fluxogramas mentais. Isso me ajudou muito”, contou.

Após a formatura, abriu escritório em Imbituva, com apoio dos sócios da banca em que atuava em Ponta Grossa. Ele relembrou a primeira vez que deu entrevista para imprensa como advogado, quando conseguiu ordem judicial para abrir um Centro de Tradição Gaúcha (CTG) para um importante rodeio na cidade.

No início, aceitava todo tipo de causa. Levava terno até para a praia no carnaval para situações emergenciais típicas da festa, que sabia que o fariam atuar na profissão em pleno feriado. Mas, com o tempo, foi seguindo o que realmente desejava, que era atender empresas e estabelecer uma carteira de clientes.

A virada veio quando o Sindicato das Indústrias de Madeira o contratou. Após alguns desafios até se alinhar com as expectativas do setor, conseguiu em sete anos atender mais de 50 empresas, que seguem sendo suas clientes.

Deneka desenvolveu o que chama de teia de problemas, que é um mapeamento de possíveis problemas que podem ocorrer com empresas do ramo. “Hoje nosso setor tem 978 questões passíveis de resultar problema”, diz o advogado. Aos poucos foram surgindo empresas madeireiras de outras regiões interessadas em seu trabalho. Hoje são 126 empresas nesse modal.

O advogado conta que seus clientes sempre vieram por indicação e que considera seu esforço por fidelização um diferencial. “A fidelidade do cliente vale muito mais do que uma grande causa uma única vez. Até hoje todos os meus clientes são por indicação. Sempre tratei igual o cliente pequeno e o grande. O maior honorário da minha vida foi por uma indicação que veio de um pequeno cliente”, disse. “Esse é o maior patrimônio, os clientes. E temos que valorizar, é deles que vem nosso trabalho”, aconselhou o vice-presidente da OAB Paraná para a advocacia iniciante.