A manhã do segundo dia do V Congresso Mundial de Bioética e Direito dos Animais, realizado na OAB Paraná, foi composta de dois painéis. O primeiro deles, presidido por Lydvar Schulz, teve como tema central os crimes ambientais.
A palestra inicial foi ministrada por Cleopas Isaías Santos, delegado de São Luiz no Maranhão, sobre os maus tratos aos animais. A professora de direito da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Maria Auxiliadora Minahim falou sobre a criminalização de atos praticados contra a preservação do ambiente e, finalizando o painel, o médico veterinário e advogado inscrito na OAB Rio Grande do Sul Renato Silvano Pulz falou sobre o abate humanitário.
Em sua palestra, Pulz definiu o abate humanitário de acordo com a normativa nº 3 da Secretaria de Defesa Agropecuária que prevê a padronização de métodos de insensibilização para a proteção dos animais de açougue e aves domésticas. “Precisamos garantir que ele (o animal) não tenha sofrimento algum desde o recolhimento até a hora do abate”, explicou. Segundo ele, o problema é que muitos locais de abate não possuem o equipamento para realizar os procedimentos necessários e os funcionários, infelizmente, não têm a instrução adequada para garantir que os processos de insensibilização sejam realizados corretamente.
O médico veterinário falou também sobre o abate religioso, em que não há o emprego de métodos para promover o bem-estar animal. “Não há dúvidas de que os animais sofrem física e emocionalmente. Se colocássemos um cachorro nesta situação, será que isso não seria considerado mau trato?”, finalizou.
Experimentação animal
O segundo painel, presidido pela advogada Vânia Rall, teve como tema principal o uso de animais para experimentos. O biólogo e professor da Universidade Federal de Alfenas (Unifal/MG) Thales Tréz falou sobre a prática ultrapassada de utilizar animais vivos e sedados para testar funcionalidades biológicas. “A vida é um fenômeno muito mais amplo que a visão mecânica que se passa em vários cursos”, afirmou. Ele falou sobre o choque de valores dos estudantes que são a favor da causa animal com a dos professores que, em sua maioria, possuem uma visão mais retrógrada. “Esses alunos, muitas vezes, acabam sofrendo perseguição por causa de sua ética, que vai contra ao que está sendo exposto em sala de aula”.
A médica veterinária e professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) Rita Leal Paixão abordou o uso de animais em experiências acadêmicas. Para ela, enquanto continuarmos presos à ideia de animal objetificado estaremos perpetuando essa prática, tanto na experimentação quanto no ensino. “O uso de animais é ruim em todos os aspectos; não é só uma questão ética”, encerrou.
O painel foi encerrado pela bióloga Paula Brügger, que falou sobre os métodos alternativos ao uso de animais. O V Congresso Mundial de Bioética e Direito dos Animais continua até as 19h30 desta sexta-feira (28/10).