Em solenidade que teve à frente da mesa o presidente da OAB Paraná, José Augusto Araújo de Noronha, 70 bacharéis em Direito participaram na manhã de segunda-feira (26/3) do compromisso em que receberam a habilitação que os torna advogados.
A solenidade foi marcada pela emoção com o relato de Gabriel Otávio dos Santos, um dos oradores que representaram os compromissandos. “Tive uma caminhada difícil, tendo de enfrentar muitos dos que não acreditavam em mim”, disse ele, que tem limitações de mobilidade provocadas pela falta de oxigênio na hora em que nasceu.
Em gesto inédito, o presidente o convidou na mesma hora a integrar a Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Em geral, é pela Comissão de Advogados Iniciantes que os novos profissionais começam sua atuação na Ordem. “Ao ouvir suas lutas e as dificuldades enfrentadas para estudar, para cursar a universidade, mesmo diante da falta de incentivo, não tive dúvida de que a experiência dele vai somar forças na comissão presidida pela doutora Berenice Lessa”, afirmou Noronha.
Gabriel tem 30 anos, graduou-se em Direito pela Unibrasil e atualmente cursa uma pós-graduação em Direito Processual Civil pela PUC-PR. “Foram muitas as barreiras para minha formação. Os professores e as outras crianças confundiam minha dificuldade motora com limitação mental. Mas nunca me abati. Fiz disto um trampolim e jamais desisti de mim mesmo. Fui estudando sempre”, contou.
Planos
O novo advogado explicou ter optado pela advocacia para defender pessoas com lutas semelhantes à sua. “Moro em Campina Grande do Sul e lá pretendo abrir meu escritório. Quero advogar e uma das áreas em que pretendo atuar é da defesa de pessoas com deficiência”, afirmou.
Seus pais, Jorge Bartolomeu e Maria Lucia, presenciaram a solenidade tomados por alegria. “Me lembrei de tudo o que vivemos, desde as dificuldades dele para engatinhar e dos professores que diziam que ele deveria desistir. Hoje é advogado e também ótimo atleta, gosta de correr e de participar de competições de natação”, revelou Jorge, orgulhoso.
Maria Lucia diz que não foi fácil conciliar os cuidados com Gabriel, a vida profissional como dentista, e a atenção aos dois filhos mais velhos. “A marca dele, desde o começo, foi a superação. Na fisioterapia, nos estudos. Aprendo muito com sua determinação”, disse ela.