Estudantes atendem ordem judicial e desocupam Colégio Estadual do Paraná

Depois de um mês e um dia de ocupação do Colégio Estadual do Paraná, os manifestantes contrários à reforma do ensino médio atenderam a ordem judicial de reintegração e deixaram o prédio na noite desta segunda-feira (7).  A desocupação foi pacífica. Quando a oficial de justiça, representantes da OAB, Defensoria Pública e Conselho Tutelar chegaram ao local, os alunos já estavam prontos para se retirar.

O Colégio Estadual é o maior do estado, com cinco mil alunos, e se mantinha como uma espécie de símbolo do movimento. Cinquenta alunos estavam no interior da escola. A vistoria foi realizada em seguida, demorou cerca de uma hora e meia, e nenhum sinal de dano ao patrimônio foi encontrado. As aulas serão retomadas na quarta-feira, dia 9.

A OAB Paraná teve um papel decisivo para que a desocupação ocorresse com tranquilidade. Antes mesmo da chegada da oficial de justiça, o presidente da Comissão da Criança e do Adolescente, Anderson Ferreira, já estava dentro do colégio conversando com os estudantes.

“A OAB Paraná teve um papel fundamental para evitar que ocorresse violência nas desocupações. Desde o primeiro momento, esteve dialogando com os estudantes e orientando sobre as consequências da ordem judicial. A instituição colocou-se à disposição para ser uma interlocutora na apresentação das reivindicações em relação aos temas objeto do movimento”, afirmou o presidente da OAB Paraná, José Augusto Araújo de Noronha.

De acordo com o presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Alexandre Salomão, a OAB continuará intermediando as negociações nas demais unidades que ainda estão ocupadas, explicando as implicações jurídicas da permanência dos estudantes nas escolas.

 “Os estudantes já tinham a ideia de desocupar, só tinham a preocupação de como seria – que fosse feita uma ata, que fossem acompanhados pelos diretores. Era isso que os paralisava diante da escolha de sair ou não sair. Nós nos disponibilizamos para trazer o oficial de justiça, o mandado, para podermos cumprir todas as medidas e salvaguardá-los de qualquer dano, que depois possam ser responsabilizados”, explicou o presidente da Comissão da Criança e do Adolescente Anderson Rodrigues Ferreira, que chegou ao CEP às 11h para conversar com os alunos.

 Relatos

“A experiência de ocupar é algo novo para todo mundo. Na ocupação nós adquirimos conhecimentos que não temos no dia a dia em sala de aula – conhecimento de ser humano, de ser político, de ser crítico. Geralmente dizem que jovem não quer nada sério. Nesta ocupação mostramos que somos organizados, que temos pautas, que temos senso crítico. Vejo que dessa ocupação sai uma nova geração de luta”, relatou a estudante secundarista L*, de 17 anos.

“Quando os secundaristas iniciaram o ato de ocupação eles mostraram que a luta só está começando. Pela primeira vez na minha vida me senti parte da escola. Falam que a escola é a nossa segunda casa, agora eu posso afirmar isso. Eu vivi, aprendi a conviver com as pessoas, descobri o que é dividir. Aqui dentro está saindo a nova geração política”, afirmou o estudante L*, de 16 anos.

 

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