Debate sobre a discriminação de minorias esteve em pauta na sessão do Conselho Pleno

 

O debate sobre a discriminação de minorias esteve em pauta na sessão do Conselho Pleno desta sexta-feira (3). O tema foi abordado pela presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB Paraná, Silvana Cristina de Oliveira Niemczewski. A advogada é a primeira mulher negra a presidir uma comissão da Seccional. “Sabemos das dificuldades por quais o nosso país passa hoje, onde as minorias são as mais prejudicadas. Nós, como operadores do Direito, sabemos a nossa função social. Sabemos da importância da participação da OAB nessa luta”, defendeu Silvana.

Silvana Niemczewski relatou que já percorreu diversas subseções no interior do estado com o objetivo de ampliar o alcance da comissão. “Na última gestão éramos em oito membros. Este ano serão mais de 30. E não apenas negros. Um dos primeiros trabalhos frente à comissão será um seminário com a participação de todas as Seccionais do Brasil, pois deve ser um trabalho amplo, efetivo, e que deve partir de nós. Lá fora, a minoria carece de ajuda”, frisou.

A Comissão de Igualdade Racial já tem membros em Maringá, Apucarana, Ivaiporã e São José dos Pinhais. A Subseção da OAB em Londrina irá instalar no próximo dia 7 de junho a Comissão da Promoção da Igualdade Racial e das Minorias (saiba mais aqui).

Além do desafio de expandir a atuação, com o intuito de realizar um trabalho mais amplo e efetivo, Silvana destacou que a comissão trará o debate da discriminação para dentro da OAB, para que haja igualdade. “Olhem ao lado e vejam quantos negros estão nesta sala. Não é porque não temos conhecimento. É porque não temos oportunidades. A diferença depende de nós”, ponderou. 

A história de vida de Silvana de Oliveira Niemczewski é um exemplo de superação. Natural de Jardim Alegre, interior do estado, filha de um ensacador que não sabia ler e escrever e de uma professora, Silvana viveu com sua família em situação precária. Durante a infância, no período das férias escolares, trabalhou na lavoura. Fez curso de magistério e cursou a escola agrícola em Apucarana.

A partir de 1998 trilhou um caminho diverso do que a vida parecia lhe proporcionar. Mudou-se para Curitiba com seus dois irmãos mais novos e, para cuidar e alimentar os irmãos, trabalhou como diarista. Ingressou num curso de mecânica e, por mais de 10 anos, trabalhou na montadora Volkswagen, na função de reparadora de veículos, sendo a primeira mulher nesta função a conseguir equiparação salarial. Sofreu acidente de trabalho, sendo demitida e reintegrada em 2007, mas nesse período passou por grandes dificuldades.

Esses fatos motivaram o seu ingresso no curso de Direito, com apoio da família, que ajudou nas despesas. Durante o curso, estagiou na Defensoria Pública e em escritórios de advocacia. Após formada, trabalhou em escritório na área de Direito do Trabalho e Previdenciário, fazendo curso de especialização nas respectivas áreas. Em 2009 abriu seu próprio escritório. Como sempre prestou trabalhos voluntários a entidades carentes, e por sua ampla atuação em projetos de combate ao preconceito e a discriminação, foi convidada em 2014 a participar como membro da primeira Comissão de Igualdade Racial da Seccional.

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