O professor Clóvis de Barros Filho ministrou palestra na OAB Paraná na terça-feira (28), durante o lançamento da plataforma ESA online. O tema abordado por ele foi “Inovação, conceito, atitude e identidade na advocacia”. Formado em direito e jornalismo, e professor livre-docente da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), onde lecionou Ética por quase 30 anos, Barros Filho se define como “explicador”.
Durante sua exposição, ele citou diversos filósofos em uma linguagem acessível, com exemplos bem-humorados, analisando como é a mentalidade de inovação atual e o que pode realmente resultar em atitudes inovadoras.
Inicialmente, ele “pagou o pedágio” ao público, citando rapidamente o conceito de inovação do senso comum, com tópicos relacionados à mudança rápida do mundo e à modernidade líquida. Barros Filho passou então à filosofia falando de Epicteto e da compreensão que ele traz sobre o que é possível realizar: “Nem a arrogância da autoajuda, de se dizer que é senhor da sua vida e responsável por tudo que acontece, nem o máximo do comodismo de pensar que nada vai dar certo”, ponderou. “Dê para você e para sua vida a maior contribuição que você pode dar”, resumiu o “explicador” sobre o pensamento do filósofo.
O palestrante observou que nem toda a inovação significa algo melhor. “É perfeitamente possível inovar para pior, que o novo seja inferior ao que se tinha antes”, ponderou. Ele questionou: “Qual a marca registrada de uma vida que valeu a pena? ”.
Ao alcance de todos
Barros Filho passou então a Aristóteles e a seu conceito do bem supremo: o pleno desabrochar da própria natureza. “Inovação presta porque permite o pleno desabrochar de quem inova”, apontou Barros Filho. Ele citou exemplos de pessoas que tiveram alto rendimento em suas áreas, como Salvador Dali, o músico João Carlos Martins, os nadadores Ricardo Prado e César Cielo e o jogador de futebol Lionel Messi. O palestrante, porém, ponderou que Aristóteles provavelmente não pensava em gênios quando falava sobre o bem supremo, mas “em pessoas normais, como nós”, que também podemos descobrir nosso bem supremo.
O professor passou também por Platão e pelo entendimento de que as pessoas amam o que desejam e desejam o que não têm. Quando passam a ter, deixam de desejar. Seria “um saco sem fundo da busca pela felicidade”.
Jesus Cristo e seus ensinamentos sobre livre arbítrio e amor ao próximo também foi mencionado. Barros Filho mencionou a possibilidade de alguém oferecer ao outro algo que considere bom. “O grande barato está na disposição que você teve para proporcionar a alguém algo que você acreditaria ser muito bom”, refletiu.
Potência de agir
O “explicador” encerrou sua palestra citando Spinosa e o conceito potência de agir. “Essa é uma das expressões mais conhecidas da filosofia moderna. É o esforço que fazemos para perseverar, nos potencializar”, resumiu. Ele discorreu sobre o que potencializa os esforços dos seres humanos e chamou atenção para os altos e baixos da vida e para a realidade de que é possível potencializar as capacidades mesmo depois de momentos de baixa energia. Foi ressaltada a importância das pessoas que estimulam a caminhada de quem as ama.
“Felicidade é um instante da vida que só é pleno se estivermos com quem mais amamos. É um atributo de compartilhamento, onde o outro conta como nós mesmos”, pontuou. “A maior inovação que a sociedade deve ter como desafio é o aperfeiçoamento da convivência, para que todos tenhamos cotas equivalentes de felicidade”, concluiu.
Após a palestra, a coordenadora da ESA entregou uma homenagem a Barros Filho. “Reforçamos o compromisso de que a ESA siga na busca da excelência e da técnica que importa, para contribuir com a construção de um mundo em que todos tenham a mesma cota de felicidade”, disse Adriana D’Avila.
O presidente da OAB Paraná, Cássio Telles, também agradeceu a presença do palestrante “Queremos agradecer a participação tão gentil de Clóvis de Barros Filho e mais uma vez dizer que, para a OAB, é uma honra muito grande realizar esses eventos”.