O advogado James José Marins de Souza compartilhou sua visão sobre o que é uma advocacia de impacto durante o OAB Talk em que palestrou na 7º Conferência da Advocacia Paranaense na tarde desta quinta-feira (12). A íntegra da programação pode ser conferida na plataforma oficial do evento. Marins é pós-doutor em Direito do Estado pela Universitat de Barcelona e doutor pela PUC- São Paulo. O advogado também é cofundador do Instituto Legado de Empreendedorismo Social, mentor do Founder Institute, co-criador do Legado SocialWorking e do fundo de investimentos em negócios de impacto social Angels4Impact.
“Negócios sociais permitem que você resolva problemas sociais e ainda tenha negócios rentáveis”, explicou Marins, que também é membro do Conselho Nacional de Incentivo ao Voluntariado do Ministério da Cidadania. Ele disse que já foi questionado se não seria feio ganhar dinheiro com ações sociais. “Feio é ganhar dinheiro e criar problema social”, é o que ele responde.
Outro questionamento comum é o que advocacia tem a ver com empreendedorismo. “Advogados são ‘autoempreendedores’, eles têm que empreender-se”, resumiu Marins. “Um algoritmo nunca vai substituir o bom advogado naquilo que diz respeito às relações humanas. A tecnologia não é neutra, é direcionada”, acrescentou.
O advogado e empreendedor social também ressaltou como a OAB tem se voltado a questões de impacto para toda a sociedade e isso se observa nas ações para ter mais representatividade nos cargos diretivos, com a aprovação da paridade de gênero e das cotas raciais.
Outro ponto de vanguarda é a adesão ao Pacto Global da ONU pela seccional do Paraná, pioneira na iniciativa no Sistema OAB.
Espaço associativo
Marins considera que existe muito espaço associativo para ser criado no Brasil, inclusive no âmbito da advocacia. Ele cita como exemplo o Instituto de Defesa da População Negra, que tem feito capacitação de advogados negros; o coletivo Abayomi Juristas Negras; e o Instituto Novos Profissionais do Direito, que promove alternativas de design thinking para a advocacia.
O palestrante convidou o público à reflexão sobre a diferença que é possível fazer nos próprios escritórios de advocacia: “Será que contratamos pessoas com deficiência? Será que contratamos pessoas negras?”, questionou sobre a diversidade. E avançou para o modo de atuação: “Será que incentivamos as decisões dos nossos clientes para conciliação ou será que incentivamos o conflito para ganharmos mais?”, desafiou Marins.
O advogado disse ainda que toda iniciativa tem início a partir do desejo de fazer diferente. “Às vezes temos a vontade de transformar positivamente o mundo e não sabemos que isso é uma startup social”, resumiu.
Por fim, ele deu um recado àqueles que ainda querem se manter no caminho mais tradicional e duvidam do potencial do empreendedorismo social e da advocacia voltada às causas sociais. “Todo advogado pode ter uma atuação de impacto e influenciar positivamente seu entorno”, afirmou. “Mas se você não quiser ser um advogado de impacto, continue comprando brinquedos e levando nas casas lares no fim do ano porque isso também tem seu efeito positivo”, finalizou com certa ironia.
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