O médico Florisvaldo Fier, mais conhecido como Doutor Rosinha, foi um dos candidatos a responder perguntas da advocacia na segunda noite de sabatinas com postulantes ao cargo de governador. A sabatina promovida pela OAB Paraná ocorreu nesta terça-feira (18/9). Candidato pelo PT, Doutor Rosinha foi recebido pelo presidente da seccional, José Augusto Araújo de Noronha. “Sou médico, pediatra e sanitarista e, após décadas como médico da Prefeitura de Curitiba, me aposentei. Fui também trabalhador rural, na adolescência; professor de escola rural; faxineiro de loja em Rolândia e, já universitário, também gráfico e garçom”, apresentou-se.
Doutor Rosinha também aproveitou os dez minutos iniciais para falar sobre estagnação econômica, desigualdade e desemprego. “A crise é tão grande que mesmo a imprensa e a polícia estão com baixa credibilidade. É nesse cenário de descrença que estamos disputando eleições. Os jovens não têm certezas sobre o futuro porque os modelos econômico e político que temos hoje estão em choque e em xeque”, afirmou.
Todos os aspirantes ao cargo no Paraná foram convidados pela seccional para as sabatinas que seguem até amanhã quarta-feira (19/9). Somente Ogier Buchi (PSL) cancelou a participação horas antes de sua participação, prevista para segunda-feira, por motivos de força maior. As sabatinas têm sido transmitidas em tempo real, no perfil da OAB Paraná no Facebook. Os vídeos também vão para o canal da seccional no Youtube horas depois das participações.
Educação e saúde
Para Rosinha, a redução de recursos disponíveis para os setores de ciência e tecnologia é negativo. “Aqui no Paraná os cortes ocorreram por decreto. Se eleito governador, revogarei esse decreto. Respeitando a autonomia das universidades, quero estimular a pesquisa científica e também promover um trabalho fora da universidade, junto à comunidade. O setor privado será chamado à participação, pois também faz pesquisa e deve integrar esse debate”, destacou.
Para o candidato, as universidades são também chave para a regionalização, que em sua visão é o melhor meio de melhorar o atendimento à saúde. “Esse planejamento será feito em conjunto com os consórcios intermunicipais de saúde. O Paraná tem algo que outros estados não têm: fibra óptica em todas as 399 cidades. Falta, porém, integrar os sistemas e obter recursos para o gerenciamento estratégico em áreas como as de saúde e segurança pública.
Sistema prisional
Questionado sobre o drama da superlotação do sistema carcerário, Doutor Rosinha defendeu que seja feito um mutirão para verificar a situação de todos detentos, especialmente para resolver os casos daqueles que já cumpriram a pena mas seguem presos por falta de assistência jurídica. “A partir daí é que poderemos saber quantas vagas são necessárias e se é preciso construir novos presídios. A proposta da nossa gestão é também separar os presos por faixa etária e por grau de crime cometido”, afirmou. Para o candidato, o baixo número de peritos e a falta de integração entre a Polícia Civil e a Polícia Militar também são desafios a serem vencidos pelo governo estadual no âmbito da segurança pública.
No setor de cultura, Doutor Rosinha defendeu a gestão participativa. Ressaltou ainda a importância de que sejam valorizados os diversos matizes da cultura paranaense.
Economia
Nos planos para a economia, o petista defendeu a agricultura familiar como prioritária nos programas de fomento. Os custos de pedágio foram apontados por ele como um entrave para os produtores agrícolas e para toda a sociedade. Doutor Rosinha defendeu a redução das tarifas não apenas para apoiar a agricultura, mas para evitar que ela seja uma barreira na integração entre cidades vizinhas. “Exigiremos que os contratos sejam cumpridos e faremos novas licitações para a concessão das estradas”, prometeu.
Ainda no campo econômico, o médico defendeu os programas sociais desenvolvidos pelas gestões petistas no governo federal. “Lula foi criticado por programas sociais, como a fixação de cotas para o ingresso na universidade pública e o Bolsa Família. Esses programas, no entanto, tiraram milhões de pessoas da pobreza”, disse ele em resposta a uma pergunta sobre propostas para o combate à miséria. “Pretendo ir nessa linha, voltando a fazer valer as tarifas sociais de energia elétrica (para consumo de até 120 MW/h) e de abastecimento de água (para até 10 metros cúbicos)”, exemplificou.
Ao responder a uma questão sobre meio ambiente, Rosinha condenou o uso abusivo de defensivos agrícolas, o descaso com as bacias hidrográficas do Paraná e o apoio estatal ao desmatamento. Para ele, é inaceitável que altos investimentos industriais dispensem os estudos de impacto ambiental. “Eleito, não iniciarei as obras do Porto de Pontal do Paraná. Vamos primeiro refazer toda a análise de sustentabilidade. Não falo em termos de economia; as ações precisam de sustentar sobretudo do ponto de vista ambintal, sem agressões à fauna, à flora e ao homem. Se não agirmos assim, estarmos pondo a civilização em risco”, destacou.
Advocacia dativa
Uma das perguntas sorteadas na sabatina ao candidato petista versou sobre a advocacia dativa. “Cabe ao governo do estado analisar as necessidades da Defensoria Pública, inclusive considerando sua expansão. Feito isso, cabe espaço para a advocacia dativa. Mas evidentemente não poderemos contratar serviços pelos quais não poderemos pagar. O Paraná hoje está cheio de dívidas. É preciso pagar, inclusive a advocacia dativa”, considerou.
Sobre o combate à corrupção, Doutor Rosinha considerou que o caminho passa pela divulgação ampla dos atos da gestão pública. “A Lei da Transparência será cumprida com rigor. E temos o desafio de mudar a cultura e obter maior participação da sociedade”, afirmou, tecendo críticas aos tribunais de contas por sua atuação marcada por matizes políticas. Ele também disse que integrantes de seu governo que forem acusados por atos de improbidade serão afastados até que se concluam as investigações.
Em suas considerações finais, Doutor Rosinha também destacou a importância de que o Paraná busque maior integração com os países do Mercosul e ainda que promova políticas de igualdade de gênero e de combate à violência contra a mulher. “Me sinto violentamente agredido quando vejo os números de agressões às mulheres, aos negros, aos que fazem parte da comunidade LGBTQIA”, ressaltou. O candidato também mencionou a ex-presidente do Brasil Dilma Rousseff que, em sua avaliação, foi vítima de um golpe. Disse ainda que, eleito, sempre terá posicionamento. “Ficarei ao lado dos oprimidos e nunca com os exploradores”, pontuou.
Cronograma
Amanhã (19), a partir das 18h, serão sabatinados quatro candidatos: Geonísio Marinho (PRTB), Ivan Bernardo (PSTU), Priscila Ebara (PCO) e Cida Borghetti (PP). Como nos dois primeiros dias, cada candidato terá 10 minutos iniciais de fala para apresentar suas propostas. Depois serão concedidos 45 minutos para responder às questões formuladas previamente e escolhidas por sorteio. Por fim, o candidato terá mais 5 minutos para considerações finais.
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