A diretoria da OAB Paraná recebeu hoje a visita de Daniel Silva Balaban , diretor do Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas (ONU), cujo objetivo é atuar no combate à fome. O executivo foi recebido pelo presidente da seccional, José Augusto Araújo de Noronha; pela secretária-geral, Marilena Winter; pelo secretário-geral adjunto, Alexandre Quadros; pela presidente da Comissão do Pacto Global, Jaqueline Lobo da Rosa; e pela advogada Luciane Trippia, também integrante da Comissão do Pacto Global.
“Estamos visitando diversas entidades para mostrar o trabalho desenvolvido pelo centro de excelência contra a fome dentro do PMA. A OAB Paraná é signatária do Pacto Global da ONU e sabemos de sua grande capacidade de formar opinião e de mobilizar os brasileiros nesse esforço solidário de combate à fome. O principal objetivo do PMA no Brasil é justamente desenvolver ações de cooperação internacional, trabalhando com instituições brasileiras para apoiar outras nações no combate à fome e à pobreza”, diz Balaban.
Reconstrução
O executivo explica que o apoio do PMA não está somente na doação de alimentos, mas sobretudo na reconstrução de políticas públicas nos países devastados por guerras ou catástrofes naturais. A meta é fezer com que voltem a garantir, autonomamente, a assistência a seus cidadãos. “O Brasil, grande produtor mundial de alimentos e oitava economia do mundo, equacionou seu problema interno no que diz respeito à fome”, destaca, explicando o porquê do foco principal na cooperação internacional.
Para Balaban, independentemente de ideologia, ninguém pode questionar a importância dos programas brasileiros de segurança alimentar – da Ação de Cidadania Contra a Fome, a Miséria e pela Vida, criada por Betinho, até o Fome Zero e o Bolsa Família. “Têm sido ações extremamente importantes para o Brasil. Muitos países estão criando programas inspirados nas experiências brasileiras”, relata. Moçambique, exemplifica, está implantando um programa de nutrição escolar nos moldes do que há no Brasil. Benin, Etiópia, Costa do Marfim e mais trinta países seguem por esse caminho. E não só na África. Uma comitiva brasileira do PMA acaba de voltar do Laos, onde foi compartilhar experiência no combate à fome.
Vontade
Balaban considera que falta vontade política para erradicar a fome no mundo. “Nesta era de tanta tecnologia, não é possível que tenhamos seres humanos morrendo de inanição. O Brasil é um país ensimesmado, focado nos próprios problemas. É preciso despertar o interesse das pessoas em ajudar o próximo. A fome é um problema de cada um de nós e combatê-la não custa dinheiro; custa interesse e tempo”, avalia, saudando a acolhida que teve na OAB Paraná nesta primeira rodada de diálogo. Ele espera que além de advogar pela causa, a seccional possa se envolver nas ações diretas, mantendo o pioneirismo marcado pela adesão ao Pacto Global da ONU.
Nas Américas
Trabalho no Haiti e acolhida aos venezuelanos concentram esforços
Os expatriados e refugiados que chegam no Brasil também recebem o apoio do PMA. “Temos uma base em Roraima, na fronteira da Venezuela, para receber os imigrantes. Ninguém foge de sua pátria porque quer. As pessoas estão desesperançadas, que é pior do que estarem desesperadas. Perderam tudo, até a esperança numa mudança futura. Para toda a escassez há jeito, mas quando falta comida, acaba toda a capacidade de resistir. São mais de 40 mil venezuelanos só em Roraima. Fora os que foram para as grandes cidades, mesmo sem perspectiva de emprego. Muitos acabam trabalhando em condições análogas à da escravidão”, pontua o diretor do Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU no Brasil.Os haitianos também recebem grande apoio do PMA. “Nosso trabalho lá tem sido, sobretudo, reestruturar a agricultura familiar. Hoje não plantam nada. Além disso, transformaram as árvores em carvão e isso trouxe o problema da seca. O mais urgente lá é um programa de reflorestamento, mas o resultado, sabemos, é de médio e longo prazo”, destaca.