A Comissão de Direito de Família da OAB Paraná promoveu nesta quinta-feira (15) um debate multidisciplinar sobre as questões de guarda, convivência, alienação parental e multiparentalidade. Além de advogados, promotores e juízes que atuam em processos de separação judicial, também participaram das discussões psicólogos, psicoterapeutas, médicos e assistentes sociais. A presidente da Comissão de Direito de Família, Adriana Hapner, abriu o debate destacando a importância de reunir todos os profissionais envolvidos nesses processos para o bem de crianças e adolescentes.
Um dos participantes do encontro foi o médico Pedro Ming Azevedo, doutor em genética de doenças autoimunes pela USP, que apresentou dados que revelam a maior suscetibilidade a doenças autoimunes de adultos que na infância passaram pelo trauma da separação. De acordo com o especialista, diversas pesquisas abordam as consequências da separação dos pais na saúde mental e física dos filhos. Entre os problemas encontrados em curto prazo estão a diminuição da capacidade de aprendizado e desenvolvimento acadêmico, distúrbios emocionais, psiquiátricos, comportamentais e distúrbios afetivos.
Em longo prazo, explicou Azevedo, os adultos que vivenciaram quando criança um ambiente de divórcio têm relacionamentos instáveis, dificuldades em confiar nos outros, além de problemas físicos, com maiores taxas de hospitalização, maiores níveis de indicadores inflamatórios e bem estar socioeconômico reduzido. A pesquisa de Pedro Ming está disponível no site www.reumatologiaavancada.com.br (clique aqui)
Diretora de extensão e coordenadora do curso de psicologia das Faculdades Pequeno Príncipe, Luiza Tatiana Forte, manifestou a preocupação quanto ao fato de que, normalmente, nos processos de separação, só as crianças são encaminhadas aos trabalhos de psicoterapia e os adultos não. “Só que os pais usam as crianças no jogo das relações para tentar dirimir os seus conflitos. Se não atendermos esses adultos, fica muito complicado fortalecer a criança. A proposta é desfazer esse emaranhado de emoções e de conflitos, e aliviar as nossas crianças e os nossos adolescentes de participarem dessa trama”, disse.
Luiza Tatiana destacou a exigência de intersetorialidade no tratamento desses temas. “Esse não pode ser um trabalho isolado, porque há uma reação em cadeia. Desde os momentos em que se abrem os processos, o papel do advogado é determinante, assim como todos os profissionais do Judiciário, e depois os psicólogos. Enquanto olharmos os problemas de maneira isolada, não conseguiremos ter um resultado mais efetivo”, afirmou.
Representante do Conselho Regional de Psicologia, Luciana Moraes também enfatizou a necessidade do diálogo aberto entre o Direito e as outras disciplinas. “Isso é importante para que possamos reformular procedimentos e avaliar as nossas técnicas, orientando os profissionais e cada vez mais as equipes que estão na área forense. Temos uma demanda muito grande de orientação nos processos de separação e na elaboração de laudos para subsidiar decisões judiciais, então temos que ver como está a qualidade desse trabalho”, disse.
O debate contou também com a presença da advogada Ana Carla Harmatiuk Matos, especialista em Direito de Família e Sucessões e professora de Direito de Família da Universidade Federal do Paraná (UFPR); do advogado Waldyr Grisard Filho, professor de Direito de Família da UniCuritiba; do juiz substituto da 1ª Vara de Família e Sucessões do Foro Central de Curitiba, André Carias de Araújo; e da promotora da 3ª Vara e coordenadora das Varas de Família e Sucessões do Foro Central de Curitiba, Vivian Patrícia Fortunato.