Mulheres debatem igualdade de gênero após 25 anos da Constituição

As responsabilidades da mulher nos âmbitos familiar e profissional, a cultura da igualdade, a mulher na direção de empresas e cargos públicos, isonomia salarial, equilíbrio pessoal, entre outros  temas permearam o debate promovido nesta sexta-feira (21), pela Comissão da Mulher Advogada da OAB Paraná, sobre a questão da igualdade de gênero nos 25 anos da Constituição Federal.

Num debate mediado pela jornalista Joice Hasselmann, a desembargadora Regina Helena Afonso de Oliveira Portes, a advogada e professora Regina Macedo Nery Ferrari e a engenheira Margaret Groff, diretora da Itaipu Binacional, apresentaram  suas experiências e seus pontos de vista sobre os direitos femininos. Advogadas da plateia também tiveram oportunidade de se manifestar, tornando o debate dinâmico e rico em informações.

Primeira mulher a assumir uma diretoria da OAB Paraná, em 1987, primeira mulher a integrar o Tribunal de Justiça do Paraná e primeira mulher a exercer a função de presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, a desembargadora Regina Helena Afonso de Oliveira Portes disse que o ingresso cada vez maior da mulher no mercado de trabalho é uma situação irreversível e isso, na sua opinião, vai evoluir muito. “Sinto isso na magistratura. No primeiro grau, 50% dos magistrados são mulheres. Brevemente teremos mais desembargadoras do que desembargadores. Os concursos públicos mostram que o desequilíbrio está desaparecendo. A discriminação é de origem biológica. Existe uma desigualdade fática entre os sexos, mas não jurídica”, afirmou.

A advogada e professora de Direito Constitucional da Universidade Federal do Paraná, Regina Macedo Nery Ferrari destacou que proibir a discriminação por meio de norma não basta. É preciso criar estratégias e ações afirmativas para acelerar o processo de reconhecimento da igualdade. “Termos uma comissão de mulheres advogadas é uma ação afirmativa, que deve ser apenas temporária e deve deixar de existir assim que o nosso objetivo for conquistado. Precisamos eliminar a discriminação e não a diferença. Num estado democrático, isso representa o exercício dos direitos humanos com igualdade de condições”, disse.

Detentora do “Oslo Business for Peace Award 2014”, considerado o maior reconhecimento de líderes de negócios por seus esforços na promoção da paz nas relações entre empresas e sociedade, Margaret Groff conta que a  Itaipu pode ser considerada uma referência na questão da equidade de gênero, e, segundo ela, hoje muitas empresas paranaenses também estão entendendo a importância de ter as  mulheres em seus quadros de gerência e direção. “A cultura tem que ser mudada, é necessário buscar um equilíbrio entre a questão pessoal e profissional. Não temos que ser igual, temos que ser do nosso jeito e buscar o equilíbrio”, ressaltou. Margaret Groff observou que a OAB é uma associação de muitas mulheres e tem uma capacidade enorme de permear. “É se engajando nesse processo de desenvolvimento pela causa que conseguiremos fazer a mudança”, destacou.

Homenagens 
Após o debate, a Comissão da Mulher Advogada prestou uma homenagem a ex-diretoras e atuais dirigentes da OAB Paraná, como forma de marcar a trajetória das mulheres na história da Ordem. A presidente da comissão, Daniela Ballão Ernlund, enalteceu o engajamento das primeiras mulheres que despontaram no universo predominantemente masculino, desde Walkira Naked, a única mulher a integrar o conselho no período da criação da Seccional, há 82 anos. Receberam a homenagem as advogadas Eunice Fumagalli Martins e Scheer, Juliana Colle Bretas, Iverly Antiqueira Dias Ferreira e Márcia Helena Bader Maluf Heisler, além da desembargadora Regina Portes.

O presidente da OAB Paraná, Juliano Breda, manifestou a sua satisfação com o evento, lembrando que sua gestão tem prestigiado cada vez mais a participação da mulher advogada na instituição. “É um dever nosso. Sem qualquer demagogia, como se isso fosse uma concessão para uma adaptação às exigências dos novos tempos. Trata-se que as mulheres são de fato indispensáveis para a administração dessa instituição. Elas já são quase a metade dos advogados do Paraná. Temos mulheres na diretoria, no conselho, nas subseções, nas comissões,  agindo de forma absolutamente complementar, pois esse é um processo que não pode ser seccionado. A diretoria é uma coisa só. O conselho é uma coisa só, mas cada vez mais qualificados pela presença das mulheres”, afirmou Breda.

Patrocínio – O IV Encontro Estadual da Mulher Advogada é patrocinado pela Itaipu Binacional, Caixa Econômica Federal,  Caixa de Assistência dos Advogados do Paraná e Academia Brasileira de Direito Constitucional.

Obra

"A proteção à mulher no ordenamento jurídico brasileiro"

A Comissão da Mulher Advogada lançou na noite de sexta-feira (21) a obra "A proteção à mulher no ordenamento jurídico brasileiro". Organizado pela presidente da comissão, Daniela Ballão Ernlund, e pela advogada Graciela Marins, o livro reúne 17 artigos de advogadas paranaenses sobre diferentes temas relacionados à mulher, suas conquistas e desafios.

Assinam os artigos as advogadas Ana Paula Zanatta, Andrea Kugler Batista Ribeiro, Andréa Bahr Gomes, Caroline Said Dias, Daniela Ballão Ernlund, Gilliane Cristine Pombo, Sabrina Fadel Becue, Graciela I. Marins, Helena de Souza Rocha, Sandra Liz Bazzo Barwinski, Jacqueline Campos Miranda Monteiro Rocha, Juliane Mayer Grigoleto, Jussara Osik, Márcia Helena Bader Maluf Heisler, Lucia Maria Belino Corrêa Dias, Maria de Lourdes Pereira e Cordeiro, Rosi de Oliveira Dequech, Marinete Luiza Oro, Regina Maria Bueno Bacellar, Rogéria Dotti, Thainá da Silva Cavalcanti, Vânia Regina Silveira Queiroz.

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