A capital paranaense se tornou na manhã desta quinta-feira (14/3) palco da IV Conferência Nacional da Mulher Advogada, promovida pelo Conselho Federal da OAB. O evento realizado em Curitiba (PR), na Universidade Positivo, se estende até amanhã tendo como tema central “Evolução e Protagonismo” e debates sobre as principais bandeiras do universo feminino frente aos desafios da advocacia contemporânea.
Na abertura do encontro, o presidente nacional da OAB, Beto Simonetti, saudou as presentes, mas delegou a Milena Gama, corregedora nacional e secretária-geral adjunta do Conselheiro Federal a Ordem, a missão de abrir a conferência.
Cristiane Damasceno, presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada, dirigiu-se com entusiasmo às presentes, destacando as conquistas das advogadas e a inclusão que caracteriza a atual gestão, inclusive nesta conferência. “Eu digo ao presidente Beto Simonetti que ele é Juscelino. Isso porque fez muito pelas mulheres nesse curto espaço de sua gestão”, ressaltou. “Nosso trabalho, enquanto dirigentes de Ordem, é servir a advocacia. Estamos no front trabalhando por vocês e esses dois anos e três meses foram um presente. Temos hoje um grupo de pessoas que estão aprendendo que nosso lugar é onde nós quisermos”, sublinhou.
Vocação democrática
A presidente da OAB Paraná, Marilena Winter abriu sua saudação agradecendo ao Conselho Federal a honra de ter Curitiba como sede a OAB Paraná como anfitriã da maior conferência da mulher da história da Ordem. Ela destacou a alma da cidade, vocacionada para a democracia, citando como exemplos a histórica Conferência Nacional da OAB de 1978 e o início da campanha pelas Diretas, em 1984. “É com muito orgulho que nossa cidade e nosso estado contam essa história”, resumiu. “Desta vez nos reunimos em torno da causa das mulheres. Contudo, esta não é uma conferência exclusivamente para mulheres. A causa é de todos e precisamos de todos para o que ela nos apresenta”, declarou.
Em seu discurso (confira aqui a íntegra), Marilena Winter elencou conquistas recentes e frisou: “Não há tempo para retrocessos ou temas velhos – como o da submissão da mulher ao homem. Olhemos ànossa volta, para os homens que nos apoiam. Olhemos para sociedades mais igualitárias”, afirmou, sob aplausos. Dentre as lutas que estão curso, ressaltou: “Lutaremos até que se compreenda o quão injusto é determinar que a advogada substabeleça a procuração, pois o processo não pode parar porque ela vai dar à luz”.
A corregedora nacional da OAB, Milena Gama, lembrou das medidas que materializaram a igualdade no sistema OAB. “Na conferência de 2020 é que nasceu a política da paridade de gênero. Como corregedora nacional e advogada militante conheço profundamente as dificuldades da mulher advogadas: assédio, discriminação, diferenças no mercado de trabalho. Por isso sei que momentos de união como estesão fundamentais para lembrarmos que não estamos sozinhas”, sublinhou.
Em cena
Uma encenação teatral promovida pelo grupo teatral da Caixa de Assistência dos Advogados do Paraná (CAA-P) homenageou a história das pioneiras da advocacia, como a sergipana Maria Rita Soares de Andrade (interpretada por Eunice Martins e Scheer), a fluminense Myrthes Gomes de Campo (Denise Losso), a paranaense Walkyria Naked (Juliana Andrade) e Esperança Garcia (Lena Correia). A piauiense Esperança Garcia é considerada pela OAB a primeira advogada brasileira.
A médica paranaense Zilda Arns também foi citada durante a performance, abrindo espaço para um apelo pelo cuidado com as crianças, representada no palco pela menina Manuela Silva. “Se queremos ter um futuro melhor e mais livre, precisamos plantá-lo no hoje”, disse Eunice Martins Scheer. O texto da performance foi escrito por Cezar Britto, membro honorário vitalício da OAB, a pedido da presidente da OAB Paraná, Marilena Winter.
Britto deu ao texto o nome de “A Esperança é uma Rocha que resiste ao tempo”, ligando o nome da primeira advogada ao da Cléa Carpi da Rocha, homenageada pela IV Conferência Nacional da Mulher Advogada.
Tributo
Coube ao presidente da OAB-RS, Leonardo Lamachia, homenagear a advogada Cléa Carpi da Rocha. “Ela tem coragem que corre nas veias. Espalha amor e alegria por onde vai. Foi a primeira mulher a presidir a seccional da OAB no Rio Grande do Sul, em plena década de 80. Depois fomos obrigados a emprestá-la para todo o Brasil. É, até agora, a única mulher a ser agraciada com a medalha Ruy Barbosa, uma pioneira de tantas lutas que segue firme no auge de seus 87 anos”, enalteceu Lamachia.
Por vídeo, familiares e amigos fizeram declarações de admiração a Cléa Carpi. Ao dirigir-se aos presentes, a homenageada começou agradecendo o presidente Beto Simonetti pelas palavras proferidas durante recente sessão do Conselho Pleno em defesa da Constituição, das liberdades e dos direitos. Em clara demonstração de vitalidade, ela ressaltou: “Não importam meus 87 anos, importa é a caminhada. E o que pude testemunha é a força que as advogadas têm unidas. Juntas, essa força transformadora nos levou a conquistar espaços na OAB”, disse.
Beto Simonetti encerrou a solenidade de abertura com uma breve mensagem: “Me envergonho dos homens que ainda não entenderam que a igualdade de gênero são o maior instrumento para a pacificação social em todo o Brasil. Viva as mulheres do Brasil e viva a advocacia brasileira!”, disse (confira aqui a íntegra do discurso do presidente).
A sessão de abertura contou também com homenagem à advogada Cléa Carpi da Rocha, que em 2017 foi a primeira mulher homenageada com a Medalha Rui Barbosa, honraria máxima concedida pela OAB aos profissionais que se destacam na advocacia.
Dentre as demais autoridades presentes à mesa de abertura estavam a ministra do STJ Daniela Teixeira, que proferiu em seguida a conferência magna de abertura; o vice-presidente do CFOAB, Rafael Horn; o diretor-tesoureiro do CFOAB, Leonardo Campos, o membro honorário vitalício do CFOAB Cézar Britto; as presidentes de seccionais Claudia Prudêncio (Santa Catarina) Daniela Borges (Bahia), Gisela Alves Cardoso (Mato Grosso) e Patrícia Vanzolini; o coordenador do Colégio de Presidentes de Seccionais, Erinaldo Dantas (OAB-CE); a assessora especial de diversidade e inclusão da Advocacia Geral da União (AGU), Cláudia Trindade; o conselheiro federal, ouvidor-geral nacional da OAB e presidente do COADEM, José Augusto Araújo de Noronha; a ouvidora-geral em exercício da OAB Nacional, Katianne Cruz Aragão; o coordenador do Concad Eduardo Uchôa Athayde, coordenador nacional das Caixas de Assistência dos Advogados (CONCAD); a presidente da Caixa de Assistência dos Advogados do Acre, Laura Souza; o procurador de estado do Paraná, Gilberto Giacóia; a primeira vice-presidente do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), desembargadora Joeci Camargo; o vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT9), Marco Antônio Mansur; o reitor da Universidade Positivo, Roberto Di Benedetto; e a segunda secretária da Câmara Municipal de Curitiba, vereadora Maria Letícia.
Confira a programação completa a conferência em: https://centraleventos.oab.org.br/event/795/iv-conferencia-nacional-da-mulher-advogada