Agosto é tempo de celebrar a advocacia. E também de refletir sobre a profissão. Para tanto, a literatura oferece variadas perspectivas sobre o universo da justiça e do direito. Confira cinco clássicos que abordam o tema.
“Crime e castigo”, de Fiódor Dostoiévski
O clássico russo tem como personagem central um estudante que, vivendo na miséria, mata uma velha agiota. Ele acredita ser moralmente superior e justifica o assassinato citando grandes figuras da história que cometeram assassinatos e são considerados heróis, como Napoleão. Existe justificativa moral para um crime contra a vida? Eis a questão central da obra.
“Memórias do cárcere”, de Graciliano Ramos
No livro autobiográfico, Graciliano Ramos relata as agruras da vida no Presídio de Ilha Grande, ao qual foi levado sem julgamento em 1936, durante a era Vargas, sob a acusação de ser ligado como Partido Comunista. O relato critica a ditadura vigente e o sistema carcerário, além de apontar a degradação da dignidade humana na prisão.
“O processo”, de Franz Kafka
Ao receber a notícia de que será preso sem saber o porquê, o personagem central sai em busca de respostas consultando um advogado, integrantes do Judiciário e até um vizinho. As situações absurdas foram retratadas pelo autor como crítica ao arbítrio e outras limitações do Estado de Direito, especialmente no diz respeito ao sistema judiciário.
“O sol é para todos”, de Harper Lee
O romance ficcional é narrado por uma criança que vive no Alabama, sul dos Estados Unidos, no período da Grande Depressão. Seu pai é um advogado que defende um trabalhador negro acusado de estuprar uma mulher branca. A narrativa levanta reflexões sobre problemas como racismo, segregação racial e intolerância, presentes ainda hoje.
“O auto da compadecida”, de Ariano Suassuna
A comédia retrata as aventuras de João Grilo e Chicó. Em vida, eles vivem de pequenos golpes para enfrentar a vida no sertão nordestino. No juízo final, João Grilo é julgado por suas faltas, tendo o diabo na acusação e Jesus na defesa. A alegoria de Suassuna destaca a misericórdia divina e aponta a hipocrisia dos que julgam terceiros enquanto cometem outros erros.