A solenidade de abertura da II Conferência Estadual das Mulheres Advogadas, na noite desta quinta-feira (24/6), contou com homenagem à paraninfa Lúcia Maria Beloni Corrêa Dias, corregedora-geral do Departamento Penitenciário (Depen) da Secretaria de Segurança Pública do Paraná e coordenadora do OAB Cidadania, programa de mais de duas décadas que trabalha na revisão penal de detentos que não podem pagar advogados. A homenagem seguiu-se à palestra magna proferida pela ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), como parte da programação do primeiro dia da conferência.
“Liberdade, igualdade, fraternidade. Não estou me referindo ao lema da Revolução e das Constituições Francesas, mas ao lema da nossa homenageada; e eu acrescentaria, ainda, justiça e solidariedade. Lúcia foi escolhida para ser paraninfa desta Conferência porque representa a força da mulher advogada e a força do ser humano dedicado às causas dos menos favorecidos.”
Com essas palavras, a advogada Iverly Antiqueira Dias Ferreira iniciou a homenagem, contando a história pessoal e profissional da homenageada. Mineira de Belo Horizonte, Lúcia casou-se com o saudoso Valdenir Dielle Dias e teve dois filhos. Formou-se pela Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro, e veio para Curitiba, onde fundou o escritório Dielle Dias Advogados Associados. Tornou-se professora da PUCPR, incentivando seus alunos a realizar a revisão criminal de processos findos, o que deu início, em 1998, ao reconhecido projeto OAB Cidadania.
“Você mostrou aos jovens que a prática da advocacia pode ser realizada com esperança e amor”, comentou Iverly Ferreira. De lá para cá, o programa promoveu mais de 20 mil revisões criminais e em 50% dos casos as penas foram diminuídas. O trabalho recebeu menção honrosa na 9ª edição do Prêmio Innovare.
Seus feitos não passaram despercebidos. Lúcia foi agraciada com o título de cidadã honorária de Curitiba e recebeu das mãos da ex-presidente Dilma Rousseff o prêmio Direito Humanos 2015, a mais alta condecoração do governo brasileiro às instituições e pessoas que se destacam na defesa dos direitos humanos. Desde junho de 2018 ocupa o cargo de corregedora-geral do Departamento Penitenciário do Paraná, atuando na prevenção de irregularidades funcionais e administrativas. É a primeira vez que um representante da Ordem ocupa o cargo.
Iverly encerrou a homenagem citando Simone de Beauvoir: “Que nada nos limite, que nada nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja nossa própria substância, já que viver é ser livre.”
Na sequência, foi exibido um vídeo com depoimentos de várias personalidades da advocacia sobre a homenageada: Cássio Telles, Marilena Winter, Edni de Andrade Arruda, Alfredo de Assis Gonçalves Neto, Maria Helena Kuss, Juliano Breda, Ana Cláudia Pirajá Ferreira, José Lucio Glomb, Vânia Queiroz, Fabiano Baracat, Mariana Lopes, Juliana Colle Bretas e José Augusto Araújo de Noronha, que finalizou: “Lúcia humanizou a advocacia criminal”. Ela recebeu flores e uma escultura assinada pela artista plástica Alice Mascarenhas.
Em seu agradecimento, Lúcia Beloni declarou: “as homenagens tocaram na minha alma”. Quando cheguei ao Paraná, eu disse: vou sobreviver, vou trabalhar, criar os meus filhos e cuidar do próximo. Encontrei aqui amigos verdadeiros. Tudo o que poderia ter sonhado estou realizando nesta noite. Toquei a minha vida olhando para o ser humano que estava ao meu lado”, declarou.
A conferência segue até sábado (26/6), com vasta programação (confira aqui).
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