Terminou esta manhã (1º) em Guarapuava o julgamento dos acusados do assassinato do advogado Algacir Teixeira de Lima, que era procurador do município de Chopinzinho, no sudoeste paranaense. Lima foi morto com seis tiros, na garagem de sua casa, diante das filhas, em março de 2015. A sentença foi de 15 anos de prisão para cada um dos réus que foi a júri popular: Elvi Aparecida Haag Ferreira e Nilton Ferreira.
Os demais acusados do crime, inclusive o ex-prefeito municipal de Chopinzinho, Leomar Bolzani, ainda irão a julgamento. Conforme consta nos autos, o prefeito desconfiava que Lima era o autor de denúncias anônimas, apresentadas ao Ministério Público do Paraná, sobre irregularidades na administração.
“Deixo registrado o brilhante trabalho das advogadas Caroline Spader e Viviane Brisola, representantes da OAB, e também de Ezequiel Fernandes, que trabalhou na assistência de acusação, contratado pela família da vítima”, declarou o presidente da OAB Paraná, José Augusto Araújo de Noronha, que foi a Guarapuava especialmente para acompanhar o julgamento, iniciado na quarta-feira (29/6).
A conselheira federal Edni Andrade Arruda, o conselheiro federal Cássio Telles e os presidentes das subseções de Pato Branco, Eduardo Munaretto, e de Palmas, Eduardo Tobera Filho, também estiveram presentes, assim como a esposa e a irmã da vítima, que assistiram ao julgamento do início ao fim.
“O caso chocou e atingiu a todos nós advogados. A OAB se sentiu na obrigação de fiscalizar e acompanhar todos os procedimentos a respeito desse caso, tendo em vista que o doutor Algacir foi assassinado no exercício de sua profissão enquanto procurador do município de Chopinzinho. A participação efetiva da OAB foi fundamental para o resultado final”, frisou Viviane Brisola.
Carolina Spader concorda com a colega e lembra que ainda haverá outro julgamento. “Esse resultado representa uma divisão de águas para que os próximos culpados sejam julgados de forma mais severa considerando que são enquadrados em mais qualificadoras que os réus julgados agora”, complementa.
O advogado Ezequiel Fernandes, assistente de acusação da família da vítima, entende que este foi o primeiro passo que todos esperam da Justiça. “Embora a decisão não vá trazer Algacir de volta, essa decisão vem como um conforto, no sentido de que a sociedade também discorda de atos dessa natureza. A família está satisfeita com os resultados, mas espera que todos os envolvidos sejam devidamente punidos”, disse.
Desde o assassinato, a OAB acompanhou as investigações e atuou como assistente de acusação, tendo em vista que o crime se deu em razão do exercício da profissão e se trata de uma ofensa à liberdade da advocacia.
Defesa – Os advogados de defesa Delomar Soares Godói e Jeovane Correa da Silva classificaram a condenação dos réus como "injusta". “Nós entendemos que toda pena que é indevida é injusta. As considerações da defesa são no sentido de que tendo em vista as teses levantadas em plenário, a decisão não foi justa. Em virtude disso interpusemos recurso em plenário mesmo”, explicou Jeovane Correa da Silva. Segundo o advogado, a estratégia da defesa a partir de agora é analisar a decisão e verificar o que será pleiteado junto ao Tribunal de Justiça do Paraná.